Saiba como evitar cesariana desnecessária e em quais casos a cirurgia é recomendada
Brasil é campeão mundial de cesárea, mas procedimento só deveria ser adotado em alguns casos específicos
Segundo levantamento realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), cerca de 85% dos partos feitos em hospitais particulares do Brasil foram cesarianas. Tipo de parto no qual o feto é extraído por um corte no ventre e útero da mãe, a cesárea é recomendada quando há risco materno ou fetal. O que representa apenas 15% dos casos entre o total de grávidas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Diante destes números, é evidente que a grande maioria das cesáreas feitas no Brasil ocorre menos por necessidade médica e mais por uma espécie de ‘tradição’.“Há uma ‘cultura’ brasileira enraizada a favor da cesárea”, estima o obstetra Franco Loeb Chazan. Para o médico, a maioria dos partos deveria ser pela via natural.
“Deve-se deixar a natureza fazer a parte dela primeiro e optar por uma intervenção cirúrgica somente em caso de extrema necessidade”, orienta Dr. Chazan. Muitas mulheres escolhem fazer cesariana também pelo medo das dores do parto normal.
Falta de maternidades e de equipes de obstetras capazes de absorver a demanda de partos é outro motivo apontado por especialistas, para justificar o grande número de cesáreas no Brasil.
“Muitas vezes, pacientes e médicos preferem agendar uma cesárea para não correrem o risco de não haver vaga na maternidade, quando a gestante entrar em trabalho de parto”, diz a médica obstetra Cristina Carneiro.
Cultura de cesárea entre os médicos
Por outro lado, mulheres submetidas a cesárea sem necessidade apontam que, se existe uma cultura arraigada a favor da cesárea, ela também é compartilhada entre os médicos.
A engenheira Andrezza Souto, hoje doula e fundadora da ONG Roda Gestante, sentiu-se enganada pelos médicos nas duas cesarianas que passou para o nascimento de suas filhas.
Na primeira, a cirurgia foi marcada antes de um feriado prolongado, no qual seu médico iria viajar. Já no nascimento de sua segunda filha, o médico de Andezza lhe disse que não poderia mais esperar devido a riscos aos bebê, depois que a bolsa estourou.
“Só que minha filha estava muito bem, com batimentos cardíacos perfeitos. Não tinha necessidade de uma cesariana. Bastava monitorar, mas o médico não quis. Era madrugada e ele tinha acabado de vir de outra cesárea”, conta Andrezza.
A engenheira acabou passando por uma leve depressão pós-parto e resolveu ajudar outras gestantes. Hoje ativista do parto humanizado, Andrezza acredita que toda gestante deve se informar e buscar grupos de apoio, caso não queiram fazer uma cesárea desnecessariamente.
Casos recomendados de cesárea
Esse tipo de parto é recomendado nos seguintes casos:
- casos de pré-eclampsia;
- gestação múltipla (gêmeos, trigêmeos etc);
- dilatação uterina insuficiente;
- mães portadoras de HIV, pois o risco de contaminação para o bebê é reduzido;
- deslocamento de placenta;
- cordão umbilical mal posicionado, com risco de asfixia para o feto;
- peso do feto muito acima do normal;
- quando já houve uma cesariana anterior, evitando a ruptura da cicatriz do útero.
As contraindicações da cesárea
É importante saber os riscos de um parto por intervenção cirúrgica:
- reação e efeitos colaterais relacionados à anestesia;
- complicações cirúrgicas (hemorragia severa, infecção, pneumonia, septicemia);
- risco de morte maior comparado ao parto natural;
- bebês nascem com peso mais baixo;
- amamentação prejudicada;
- recuperação pós-parto mais lenta.
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