A bolsa estourou, e agora? Um guia sobre todas as etapas antes do parto normal
A Revista da Mulher ouviu especialistas para orientar a gestante a identificar os sinais do corpo quando se aproxima a hora do nascimento do bebê
No fim da gravidez a ansiedade costuma aumentar, o que pode atrapalhar a interpretação correta dos indícios de que o nascimento do filho se aproxima. Os sintomas variam de acordo com cada mulher e diferem a cada gestação. O mais provável, porém, é que o trabalho de parto se inicie na forma de cólicas-contrações, antes mesmo da bolsa estourar.
“As contrações são o sinal mais comum para 60% das mulheres. Outro indício de que chegou a hora do parto é, sim, a ruptura da bolsa, identificável pelo vazamento de líquido amniótico pela vagina, que ocorre em 20% das gestações. O aviso de que a hora chegou também pode ser um pequeno sangramento. Apenas em menos de 2% dos casos, as mulheres não apresentam nenhum destes sintomas”, explica médico obstetra e ginecologista Franco Loeb Chazan.
Cólicas e contrações no fim da gestação
Embora as contrações sejam o prenúncio mais comum do início do trabalho de parto, na forma de cólicas, elas são também o sinal que mais confunde as grávidas. Isso porque o nono mês de gestação é um período no qual a mulher pode se sentir menos confortável com o corpo. É normal que a mulher esteja inchada, registrando uma pressão maior sobre os órgãos internos e sentindo mais o peso do bebê, que vai encaixando-se na pélvis.
“Tudo parece conspirar para que a gestante confunda pequenos mal-estares com cólicas. Para ter certeza de que as dores são a do nascimento, saiba que inicialmente elas são pequenas, aparecem na parte final da coluna ou na bexiga e são acompanhadas do endurecimento do útero”, diz o obstetra.
Engenheira de profissão e atualmente formada em doula - assistente de parto, com ou sem formação médica - Andrezza Souto é ativista do parto normal humanizado há 8 anos e uma das fundadoras da primeira ONG de apoio a gestantes de Maceió (AL), a Roda Gestante. Andrezza explica que as contrações que indicam o início do trabalho de parto podem ocorrer em três fases;
- Os pródromos. As contrações podem durar dias e serem contrações falsas
- Fase latente. Quando o trabalho de parto ganha ritmo e as contrações se tornam ritmadas e com maior duração;
- Fase ativa. As contrações tornam-se mais intensas, mais longas e mais próximas (a cada 5 minutos, aproximadamente).
Para evitar a ida à maternidade à toa, a grávida deve observar se as contrações são regulares, se a intensidade tende a aumentar e se o intervalo entre elas diminui. “No primeiro filho, recomendamos que a grávida espere para sair de casa quando contar contrações regulares a cada cinco minutos, por cerca de 40 minutos. A partir do segundo filho, principalmente se os outros nasceram de parto normal, é melhor não esperar tanto”, orienta o Dr. Chazan.
E se a bolsa romper?
Quando a bolsa que envolve o bebê se rompe, o nascimento por parto normal costuma ocorrer em, no máximo, 24 horas. Saber se a bolsa estourou nem sempre é tão fácil de identificar. Quando acontece na parte inferior, um volume grande de líquido vaza de uma só vez. Se ela se dá em regiões mais altas, os jatos são intermitentes e menores, como se a grávida estivesse perdendo urina.
“Para não ficar na dúvida sobre quando a bolsa estourou é importante saber que o líquido amniótico tem um cheiro bem diferente do da urina e a coloração lembra água-de-coco”, esclarece o obstetra Franco Loeb Chazan. Mas nem sempre o trabalho de parto ou o nascimento acontecem somente depois que a bolsa estourou.
“A ruptura da bolsa pode ocorrer em qualquer uma das etapas da contração e não precisa necessariamente ocorrer o vazamento do líquido amniótico para se ter início o trabalho de parto. Muitas mulheres passam todo o trabalho de parto com a bolsa intacta e acontece, às vezes, de o bebê nascer empelicado (envolvido pela bolsa)” alerta a doula e fundadora da ONG Roda Gestante, Andrezza Souto.
Andrezza reitera que em primeiro lugar a mulher que deseja um parto normal precisa se informar, para não correr o risco de acabar submetida a uma cesariana desnecessária . “Saber os tipos de partos, fisiologia do parto, fisiologia da gestação, buscar grupos de apoio a gestantes. Esse requisito é fundamental principalmente aqui no Brasil, já que possuímos uma das maiores taxas de cesariana do mundo”, conclui a doula.
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