Colesterol alto em crianças: conheça os riscos e saiba como prevenir
O problema, que pode atingir até crianças de colo, eleva o risco de infarto e acidente vascular cerebral

O colesterol alto em crianças se tornou um problema grave e preocupante. Antigamente, os exames responsáveis pelo controle das taxas eram solicitados pelos médicos somente para pessoas com mais de 20 anos. Hoje, esta avaliação já começa a fazer parte da rotina de exames de adolescentes, crianças e até mesmo de bebês.
Segundo o Dra. Manuela Moreira Ribeiro, pediatra e endocrinologista infantil do Hospital Sepaco, as principais causas do aumento dos níveis do colesterol (dislipidemia) na faixa etária pediátrica são o sedentarismo e a dieta inadequada, com o alto índice de consumo de alimentos industrializados e fast food, ricos em gorduras saturadas e trans.
"Estudos brasileiros, populacionais publicados na diretriz brasileira de dislipidemia e prevenção de aterosclerose, em 2017, demonstram prevalência de 10 a 23,5% do problema em crianças e adolescentes”, enfatiza.
Ainda segundo o Dr. Carlo Crivellaro, pediatra membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, o aumento do consumo de gorduras e açúcares, e a redução da ingestão de alimentos ricos em fibras, contribuíram para o aumento do colesterol alto em crianças.
O problema, explica, pode ser dividido em duas categorias: hipercolesterolemia familiar e hipercolesterolemia secundária. A primeira é causada por fatores genéticos e a segunda, mais ampla, inclui todas as outras causas possíveis. Essa última é a forma mais comum em crianças e adolescentes.
Como prevenir?
Para evitar o colesterol alto em crianças, é necessário levar um estilo de vida saudável, ou seja, ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos regularmente. Entre as recomendações de uma dieta saudável. De acordo com Crivellaro, é indispensável:
- Diminuir a ingestão de carboidratos simples (açúcar, pão branco, arroz branco) e substituir pelos complexos (arroz, pães e massas integrais);
- Estimular a ingestão de alimentos ricos em fibras;
- Aumentar a ingestão de água;
- Evitar o consumo de bebidas adoçadas;
- Reduzir ao máximo o uso de gordura trans.
O ideal é praticar atividade física por pelo menos 60 minutos por dia. As atividades sedentárias (computadores, televisão, tabletes, games e tempo no celular), por sua vez, devem ser limitadas a no máximo 2 horas diárias.
Dra. Ribeiro lembra ainda que, apesar de inicialmente assintomático, o colesterol alto em crianças também pode estar relacionado a outros problemas, como obesidade, levando ao pré diabetes e ao diabetes tipo II, o que pode ocorrer ainda na adolescência. "A longo prazo eleva o risco cardiovascular, ou seja, a chance de infarto e acidente vascular cerebral (derrame)”, destaca.
Exames preventivos
Os exames feitos são a dosagem de triglicérides e do colesterol total e suas frações (LDL, HDL, VLDL e colesterol não-HDL). "Devem fazer os exames as crianças que tem histórico familiar positivo para hipercolesterolemia, pacientes com pelo menos dois fatores de risco (obesidade, sedentarismo, diabetes, hipertensão), e crianças adotadas que desconhecem seu histórico familiar", explica o pediatra Carlo Crivellaro.
Também é recomendado fazer a análise laboratorial de crianças que sofrem de doenças crônicas (hipotiroidismo, síndrome nefrótica, imunodeficiências, etc) e que façam uso de determinados medicamentos, que podem causar aumento do colesterol.
Dra. Ribeiro acrescenta que tais exames devem ser solicitados a partir de 2 anos de idade se a criança apresentar história familiar de dislipidemia ou doença arterial isquêmica precoce. Entre 9 e 11 anos de vida, toda criança deve ter dosado seu perfil lipídico, independente da história familiar.
Os valores ideais para crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos, em jejum, são de:
- Colesterol < 170
- LDL <110
- HDL > 45
- Triglicérides <90 (0 a 9 anos) ou <75 (10 a 19 anos)