Conheça melhor as doenças que atingem a glândula da tireoide

Enquanto o hipotireoidismo retarda o metabolismo, o hipertireoidismo acelera. Especialista explica a diferença entre as duas, além de suas causas e o tratamento adequado

Ultrassom da tireoide é uma das formas de diagnosticar as doenças.


Mesmo com nomes parecidos, o hipotireoidismo e o hipertireoidismo são doenças diferentes, mas que carregam algo em comum: surgem na tireoide. Com forma parecida com a de uma borboleta, a tiroide é localizada na parte anterior do pescoço e comanda nosso metabolismo, pois produz hormônios que regulam importantes órgãos como o coração, o cérebro, o fígado e os rins.

A tireoide produz os hormônios T3 e o T4, considerados como “combustíveis” para o organismo. Sem eles, o ser humano não sobrevive, afinal nenhuma célula funciona sem esses hormônios. A Revista da Mulher entrevistou a Dra. Viviane Christina de Oliveira, endocrinologista e metabologista da EndoQuali para entender como funciona cada doença. 

Hipotireoidismo

Mais comum no sexo feminino (atinge cerca de dez mulheres para cada homem), o hipotireoidismo ocorre quando a produção dos hormônios tireoidianos não é suficiente para o organismo. Segundo a especialista, isso acontece porque o sistema imunológico do paciente ataca sua própria tireoide, como se ela fosse um organismo estanho, o que destrói componentes responsáveis pela produção dos hormônios. 

Com isso, surge o principal sintoma: um cansaço intenso e contínuo, deixando o paciente com sensação de estar em “câmera lenta”. Outros sintomas também surgem, como sonolência, pele fria e mais seca, unha quebradiça, queda de cabelos, ciclos menstruais com mais hemorragia, intestino preso, fala arrastada, voz mais grossa, depressão, redução da performance física e mental, falha da memória, elevação dos níveis de colesterol, dores musculares, diminuição da libido e ganho de peso ou inchaço por retenção de líquido.

O diagnóstico da doença, explica a Dra. Vivian, é realizado pela dosagem dos hormônios no sangue. Ela também alerta que o ultrassom de tireoide não faz diagnóstico, apenas pode oferecer informações complementares. Já o tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição do hormônio que está faltando (T4) através de medicamentos diários.

"Com o uso regular e correto da medicação, mantendo os níveis hormonais dentro dos valores normais, quem tem hipotireoidismo pode levar uma vida saudável, feliz e completamente normal", completa.

Hipertireoidismo

O hipertireoidismo é o oposto da “hipo”. Ao invés de deixar o paciente cansado, faz com que ele fique acelerado. Isso ocorre porque a glândula da tireoide começa a funcionar de forma exagerada, fazendo com que os hormônios tireoidianos sejam produzidos em excesso. “O resultado é o metabolismo acelerado, assim como a função cardíaca, gastrointestinal, neurológica, etc.”, explica a médica.

A causa mais comum da doença é que o sistema imunológico passa a produzir anticorpos que estimulam o funcionamento da glândula. O resultado, chamado de “Doença de Graves”, são olhos saltados, com vermelhidão, irritação, inchaço, além do aumento do volume da tireoide, que causa o aumento do volume do pescoço. Também podem ocorrer alterações na pele, explica a especialista.

Outros sintomas incluem palpitações, ansiedade, tremores nas mãos, sudorese excessiva, pele quente e úmida, sensação exagerada de calor, fadiga, perda de peso, fome excessiva, diarreia ou aumento do número de evacuações, irritabilidade e agitação, insônia e irregularidade menstrual.

A suspeita clínica é confirmada igualmente através da avaliação das dosagens dos hormônios no sangue. Porém podem ser necessários outros exames, como a ultrassonografia, que  pode indicar os nódulos hiperfuncionantes ou demonstrar o hiperfuncionamento de toda tireoide.

Segundo a especialista, o tratamento da doença pode variar conforme sua gravidade. São utilizados medicamentos para bloquear a produção de hormônios pela tireoide e também para controlar os sintomas. Mas o tratamento nem sempre funciona. 

“Em alguns casos, o paciente precisa ser encaminhado para o tratamento com iodo radioativo ou ainda para cirurgia, para a retirada cirúrgica da glândula.” Depois da retirada da tiroide, o paciente acaba virando “hipo”, pois o organismo, que antes produzia hormônio em excesso, agora não produzirá nenhuma quantidade, esclarece a especialista.

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