Leite materno: qual é a hora certa do desmame?
Especialistas falam sobre qual seria a hora certa de deixar de amamentar o filho no peito. Desmame deve respeitar o ritmo de vida da mãe
Cultuada como um ato sublime, a amamentação no peito de bebês é considerada a nutrição ideal para as crianças desenvolverem-se mais saudáveis. O assunto mexe tanto com as mulheres a ponto de gerar frustração quando a mãe não consegue amamentar seu filho. Já quem não tem problema para dar o peito aos bebês considera o ato tão importante e prazeroso, que sofre na hora do desmame. Mas, afinal, quando é preciso deixar de amamentar o filho?
Do colostro nas primeiras horas de vida até a amamentação no peito de três em três horas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o leite materno como o único alimento a ser oferecido aos bebês nos primeiros seis meses de vida. A partir daí, os pediatras já começam a prescrever dietas de papinhas, geralmente à base de legumes e frutas.
"Não há uma idade exata para se interromper a amamentação, ela deve ocorrer quando mãe e filho estiverem prontos", afirma a Dra Cristina Makarenko, pediatra do Homeped. Existem mulheres que continuam dando o peito para as crianças, mesmo depois de elas já terem entrado com outra alimentação. A dúvida mais frequente é se isso seria uma atitude saudável.
Desmame é decisão da mãe
Mesmo após a introdução de novos alimentos, o leite materno continua tendo um papel imunológico importante para a saúde do bebê. "Além disso, a amamentação promove um importante vínculo psico-emocional para o binômio mãe-filho, levando segurança e conforto para a criança e confiança e realização para a mãe", diz a Dra. Dra Cristina Makarenko.
A maior parte das mamães que trabalham fora costumam conciliar o período de licença maternidade com a amamentação. Ao voltarem a trabalhar, muitas deixam de dar o peito às crianças. Apesar do sofrimento psicológico da mãe, para a criança o trauma do desmame pode ser amenizado pelo desenvolvimento da capacidade de mastigação dos bebês e a descoberta de novos alimentos.
Porém, especialistas reforçam que não há uma regra. Há mães e criança que conseguem conciliar os horários e o desmame vai sendo realizado aos poucos.
"A decisão de desmamar tem que ser sempre da mãe. Quanto às questões psicológicas, o que não pode é amamentar para compensar ou substituir outras questões", afirma Abilene do Nascimento Gouvea, mestre em enfermagem e e coordenadora do banco de leite do Núcleo Perinatal.
Polêmica do desmame tardio
Mas isso não quer dizer que o desmame deva ser postergado por muito tempo. Após os 2 anos de idade, do ponto de vista nutricional e imunológico, o leite materno não tem mais tanto benefícios para a criança. Do ponto de vista psicológico, esse assunto é polêmico.
Para Mariana Castro Garcez, enfermeira-obstetra do projeto Cegonha Carioca e da Maternidade Maria Amelia Buarque de Holanda, o desmame tardio pode prejudicar na alimentação e em outras formas do desenvolvimento como, por exemplo, na fala. "Além disso, amamentar até essa idade pode causar uma dependência grande afetiva da criança para com a mãe enquanto essa criança deveria estar interagindo mais com as demais", diz Mariana.
Já alguns estudos mostram que quanto mais tempo uma criança e amamentada ao seio materno, mais segura e madura ela pode se tornar. "Porém, é importante para criança se tornar um indivíduo, mais independente da mãe, e a mãe ficar mais livre para exercer suas próprias atividades", explica a pediatra Cristina Makarenko.
Para não fazer do desmame um estresse, as especialistas recomendam sempre respeitar o tempo da mãe e do filho. As mulheres devem evitar seguir regras ditadas e impostas, que não levem em conta a individualidade dos envolvidos. Portanto, a conversa entre a mãe e o pediatra é fundamental para ditar o ritmo de como será o processo de desmame do bebê.
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