Tosse seca pode ser sinal de várias doenças
A tosse seca é caracterizada por não ter secreção e é um reflexo de que algo não está indo bem no organismo

E de repente começa aquela tosse que, muitas vezes, passa a sensação de que há algo preso na garganta, uma coceira ou uma simples irritação mesmo, mas sem a produção de secreção clara ou catarro. É a chamada tosse seca.
“De forma geral, o motivo do problema é semelhante em todos os casos: ocorre por irritação ou inflamação da mucosa do trato respiratório”, esclarece Hugo Fraga Barbosa Leite, otorrinolaringologista e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
O que está por trás da tosse seca
Muitas vezes, a tosse seca pode vir por conta de alguma doença, como crises alérgicas (rinite ou asma, por exemplo). Nesse caso, a doença libera uma substância chamada histamina. Ela é responsável pela coceira que vem junto com o quadro.
"A mucosa, que é o tecido que reveste nossa via aérea, se torna irritada por esta substância, o que ativa os receptores da tosse”, explica Bruno Borges de Carvalho Barros, otorrinolaringologista, de São Paulo.
A tosse seca também pode ocorrer por conta de um processo infeccioso. Quando isso acontece, existe o aumento da produção de muco local, o que pode gerar uma tosse mais seca do que produtiva (molhada).
Este aumento ocorre por morte de células do sistema imune durante o combate ao micro-organismo invasor (vírus ou bactéria). Partículas destes seres também induzem resposta inflamatória que irritam os receptores locais da tosse.
Tosse seca pode ser gerada por outros fatores
O refluxo gastroesofágico é outro problema que pode levar à tosse seca, já que induz o processo inflamatório local pelo aumento da acidez na laringe e esôfago. “Estas áreas não se adaptam ao cenário de acidez intensa e a resposta pode ser tosse seca e sensação de nó na garganta”, diz o Dr. Barros.
Já a pneumonia pode se manifestar com tosse seca prolongada. Neste caso, o processo infeccioso atinge a via aérea e a tosse é disparada por estímulos nos brônquios e pleura.
O tabagismo também pode induzir a tosse seca por conta da irritação local causada pelas substâncias químicas presentes no cigarro. Sem esquecer da alta temperatura da fumaça.
Segundo o otorrinolaringologista, há ainda causas mais raras para a tosse seca, que podem incluir:
- doenças cardíacas, como a pericardite e insuficiência cardíaca, que irritam o nervo responsável pelo reflexo da tosse;
- medicamentos, como alguns anti-hipertensivos, sendo a tosse seca um efeito colateral comum;
- corpo estranho aspirado, que acontece frequentemente com crianças;
- e câncer de pulmão.
É hora de tratar
Claro que a terapia para a tosse seca vai depender do tipo de doença que causou esse sintoma. E o famoso xarope tem pouca utilidade, dizem os especialistas. Em compensação, pesquisas apontaram o mel bastante eficiente para reduzir o incômodo da tosse.
Isso porque o alimento forma uma película sobre a região, diminuindo o muco e a irritação local. O melaço também pode ajudar. Para qualquer causa de tosse, manter-se bem hidratado também auxilia. Se o líquido ingerido for quente, melhor ainda, pois o calor reduz o processo inflamatório.
“Precisamos entender que a tosse, majoritariamente, ocorre como proteção de nossa via aérea. O tratamento consiste em atacar a causa da irritação ou a doença que a promove. Com a doença causadora controlada, a tosse seca desaparecerá naturalmente", aponta o otorrinolaringologista de São Paulo.
O diagnóstico da tosse seca
É bom saber que a tosse seca pode aparecer em situações que dificultam o diagnóstico médico. Alguns autores de estudos clínicos descrevem a tosse como psicogênica, quando não é identificada a causa orgânica.
"Culpa-se o estresse vivido pela pessoa. O mais importante, nos casos de diagnóstico difícil e curso prolongado, é excluir doenças de risco, como a pneumonia, a tuberculose, presença de corpo estranho, doenças cardíacas e neoplasia de pulmão”, ensina o Dr. Barros.
Para detectar a real causa da tosse seca, é realizada uma avaliação médica completa. “Também pode ser pedido alguns exames como o raio-x de tórax, a videoendoscopia nasal e a endoscopia digestiva”, finaliza Camila Conde, otorrinolaringologista do Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro.