Formigamento nas pernas: conheça as possíveis causas
A parestesia, ou formigamento nas pernas, pode ser sinal de que alguma doença não tratada. É bom ficar de olho e entender melhor o problema
Uma das queixas mais frequentes em consultórios de cirurgia vascular, o formigamento nas pernas, de fato, é um sintoma muito comum. A sensação geralmente se dá quando a pessoa deita de mau jeito por cima do braço ou perna, por exemplo. Mas existem outras causas e deve-se ficar atento.
A dormência do "mau jeito" é uma reação natural do corpo quando o nervo é pressionado ou falta sangue na região. Nesses casos, basta mudar de posição ou movimentar-se para dissipar tal sensação. Em outros casos, porém, esses sintomas são recorrentes, e aí existe a necessidade de investigação médica.
A parestesia dos membros inferiores, conhecida popularmente como formigamento nas pernas, tem como principais causas os distúrbios vasculares e neurológicos.
"A insuficiência venosa crônica, evoluindo com varizes, é o representante das causas do tipo vascular. Já a neuropatia é uma doença do tipo neurológica”, aponta Marcelo Quintão, cirurgião vascular da Venno Clinic, no Espírito Santo.
Doenças com formigamento como sintoma
Como confirma o especialista, o formigamento nas pernas pode se dar por diversos problemas, mas os mais comuns são:
1. Doença venosa
Quem tem problemas de varizes tende a sentir peso e cansaço, queimação, inchaço no tornozelo no final do dia, cãibras (principalmente noturnas) e formigamento nas pernas.
“O que causa esse problema é a insuficiência de fluxo de sangue nas áreas afetadas. A veia deixa de funcionar adequadamente pela falha nas válvulas venosas. Essas válvulas funcionam como um portão, controlando a passagem do sangue para que ele chegue ao coração”, esclarece Vanessa Vargas Ferreira, angiologista e cirurgiã vascular, do Rio de Janeiro.
Geralmente, a doença venosa atinge pessoas que trabalham por longos períodos em pé ou sentadas. O diagnóstico pode ser feito através de exame físico, em que as varizes são vistas diretamente nas pernas ou por exames complementares, como por exemplo, o ecocolordopller venoso dos membros inferiores.
Para aliviar todos esses sintomas, é indicado o uso de medicação flebotônica, que faz com que o sangue que está circulando com dificuldade na perna seja impulsionado em direção ao coração. “Consumir alimentos que contenham alto teor de vitaminas do complexo B (carne, fígado, ovos, cereais integrais, sementes, folhas escuras e queijo) também ajuda a evitar o formigamento nas pernas”, completa Vanessa.
2. Aterosclerose
O problema se dá quando as placas de ateroma (gordura) estreitam e endurecem a parede da artéria, que são vasos que fazem o transporte de sangue do coração para todas as partes do corpo. Acometem com mais frequência o coração, mas também podem afetar os membros inferiores, causando a chamada doença arterial periférica, que tem como sintoma o formigamento nas pernas.
As causas do problema estão diretamente relacionadas ao tabagismo, diabetes, obesidade, hipertensão arterial sistêmica e colesterol elevado. Além disso, a doença é mais comum em pacientes com idade avançada (acima dos 60 anos) e com histórico familiar de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica.
“O tratamento se baseia, em primeiro lugar, na correção dos fatores de risco. Afinal, nada valerá a pena se o paciente fizer o tratamento medicamentoso e não parar de fumar ou não controlar seus níveis de colesterol e glicemia”, alerta a angiologista.
3. Neuropatia diabética
Quem tem diabetes e não controla o nível de açúcar no sangue, pode sofrer graves consequência com o desenvolvimento de outras doenças, como a neuropatia diabética, que são danos ocasionados nos nervos por conta da alta quantidade de glicose sanguínea.
“Algumas pessoas podem não apresentar qualquer sintoma, outras podem ter dor, formigamento nas pernas e perda da sensibilidade, principalmente nas mãos, pés e pernas”, conta Vanessa.
O diabetes é uma doença que afeta os vasos sanguíneos, tantos os grandes quanto os pequenos. E os nervos funcionam como se fossem pequenos fios elétricos que vão transmitir ao cérebro informações como frio, calor, dor, pressão, etc, e precisam receber sangue com oxigênio para funcionarem bem.
No caso do diabetes, ocorre uma diminuição do oxigênio que chega aos nervos, o que pode gerar a formação de processos inflamatórios, ambos levando ao mau funcionamento dos nervos e causando a neuropatia periférica.
E o tratamento, primeiramente, é feito com mudanças do estilo de vida, ou seja, parar de fumar, fazer atividade física regularmente, manter os níveis glicêmicos e do colesterol sob controle. “Já em uma fase mais avançada da doença, é prescrito o uso de antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes, opioides e vitaminas do complexo B”, completa a cirurgiã vascular.
4. Hérnia de disco
A má postura é considerada a grande vilã das patologias envolvendo coluna vertebral, como as hérnias de disco, pelo fato de haver uma pressão, com inflamação e compressão da raiz nervosa, que por vezes, causa dores insuportáveis.
E os sintomas da hérnia de disco incluem:
- dores nas costas por mais de 3 meses;
- dor noturna, que piora durante o sono e que permanece ao acordar;
- dor tipo formigamento e queimação que piora quando o paciente fica em pé com a perna esticada;
- dificuldade de ficar sentado por mais de 10 minutos devido ao forte formigamento nas pernas;
- redução da força muscular em uma das pernas (mais comum) ou nas duas;
- dificuldade para se locomover ou levantar algum objeto.
Inicialmente, o tratamento é feito com analgésico para tirar o paciente da crise. Feito isso, a mudança de estilo de vida se faz necessária, adotando a prática diária de exercícios físicos orientados por um profissional habilitado.
"Não carregar excesso de peso no dia a dia ou no trabalho, adotar a postura correta nas mais diversas atividades cotidianas e evitar usar sapatos com salto muito alto também são recomendados”, conta Vanessa.
O tratamento fisioterápico é bastante indicado, como o pilates (melhora da postura, mobilidade, flexibilidade da coluna vertebral, além de melhor distribuição do tônus muscular e fortalecimento do abdome) e o RPG (Reeducação Postural Global).
A volta do formigamento nas pernas
Independente de qual seja o problema que levou ao formigamento nas pernas, é importante seguir o tratamento corretamente, pois a parestesia pode retornar. “
Em algumas situações, a remissão da doença pode prevalecer por anos, mas mesmo assim, não consideramos o paciente curado”, diz Marcelo Quintão. Por isso, o ideal é seguir a terapia indicada pelo médico e sempre ficar atento caso o formigamento nas pernas apareça.