Apraxia da fala: conheça o diagnóstico e o tratamento
Especialista explica a desordem neurológica que impede o pronunciamento correto dos fonemas
Assim como aprender a andar, as primeiras palavras dos filhos causam grande expectativa nos pais. Mas alguns distúrbios podem atrasar este esperado momento do desenvolvimento infantil. A apraxia da fala é o diagnóstico que damos quando a pessoa não consegue planejar, programar e executar o movimento da fala. É uma desordem neurológica mas não se sabe a causa.
Alguns estudos começam a considerar a existência de algum componente genético em quem sofre de apraxia de fala. Crianças autistas, por exemplo, apresentam o problema com uma frequência alta, mas isso não quer dizer que toda criança com apraxia seja autista.
Este problema de linguagem se caracteriza principalmente pelo esforço na comunicação, e o ‘tateio’ para se conseguir pronunciar o som correto.
“A pessoa tenta vários sons até conseguir o correto, com dificuldade no planejamento dos movimentos requeridos para a fala”, explica a fonoaudióloga Danielle Damasceno.
Quando a apraxia se apresenta
É possível perceber que a criança tem indicação para fonoterapia a partir do momento que já está na fase de balbuciar as primeiras palavras e isso não ocorre. Quando a criança não imita os sons dos pais, mesmo que sejam "bababa", "mãmã", "papá", com 1 ano e 6 meses, os pais já precisam ficar atentos.
“Muitas crianças já chegam ao consultório com essa idade. Se a criança chegar aos dois anos ainda sem balbuciar, e não conseguir imitar esses sons, tem algo errado no desenvolvimento da fala”, alerta Danielle.
De acordo com a especialista, quando isso ocorre a criança precisa, então, ser avaliada. Ela pode ter uma apraxia de fala ou uma apraxia oral. Na apraxia de fala a criança emite sons, mas eles são ininteligíveis.
Já na apraxia oral, a dificuldade para executar o movimento é tão grande, que a criança faz apenas uma tentativa para conseguir fazer a postura correta na musculatura peri-oral, mas não consegue emitir o som. Porém o diagnóstico de apraxia antes dos 3 anos de idade é provisório.
“Numa avaliação fonoaudiológica, o profissional poderá avaliar se é o caso (provisório ou não) de apraxia, ou se o diagnóstico é outro. Mas se a criança está com atraso no desenvolvimento de fala e linguagem, tem indicação para terapia, independente do diagnóstico”, reforça a fonoaudióloga.
Tratamento indicado para a apraxia
Na terapia fonoaudiológica o profissional precisa trabalhar de forma intensiva as chamadas formas bucais, que são os movimentos dos músculos da face e da língua, a fim de que os fonemas saiam de forma adequada.
Mas este trabalho deve sempre respeitar as limitações e as necessidades de cada criança. Também é importante ressaltar que a família precisa ser parceira e realizar em casa, repetidamente, os exercícios indicados pela fonoaudióloga.
“A boa notícia é que a criança submetida ao tratamento fonoaudiológico pode deixar de ter apraxia. A duração do tratamento vai variar de acordo com o grau de comprometimento da família com o trabalho a ser realizado”, diz Danielle Damasceno.
Segundo a especialista, o tratamento tende a ser mais eficaz quando a família e a terapia caminham juntos, em parceria. E também de acordo com o nível de apraxia que a criança apresenta.
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