Crianças com restrição alimentar na escola
Veja as dicas de como interagir com a instituição de ensino e como orientar o filho e fazê-lo vigilante desde cedo
Se para os adultos já é difícil gerenciar a uma dieta com restrições alimentares, imagine controlar a alimentação de uma criança? Muitos pais são desafiados todos os dias a mandar seus filhos para escola e para o mundo sem que eles acabem ingerindo os alimentos que desencadeiam sintomas desagradáveis e, na maioria das vezes, muito perigosos.
É o caso das crianças celíacas ou as que têm alergia à lactose.
Os pequenos, além de muito curiosos, sentem necessidade de repetir o padrão de comportamento dos colegas, para não ficarem excluídos do grupo social.
“E isso inclui compartilhar a merenda ou comer o mesmo tipo de alimento que os demais. Somado a isso, há sempre o perigo de contaminação por outras vias (utensílios e objetos contaminados) ou pelas substâncias 'escondidas' nos alimentos”, Ana Paula Magosso Cavaggioni psicóloga da Clia Psicologia e Educação.
Quando os pequenos apresentam restrições alimentares, a situação se complica. Um professor, funcionário ou parente pouco familiarizado com o problema pode não notar uma substância proibida na composição do produto que está oferecendo à criança.
Conscientizando a escola e a criança
Um grande número de crianças, nos dias de hoje, faz lanche e almoça na escola. Ainda que alguns colégios anunciem ter orientação nutricional e ofereçam cardápios saudáveis para as crianças, os alunos com restrições ou alergias alimentares não são sempre contemplados com alternativas para almoço e lanches.
Não há outro jeito se não a intervenção séria dos pais junto à escola. Foi o caso da executiva da área de recursos humanos, Lúcia Paz. Seu filho, Lucas, hoje com 13 anos, foi diagnosticado de uma alergia séria a diversos tipos de alimentos ainda aos 11 meses de idade.
“Muitas crianças têm alergia a leite, mas não tem à soja, tem a frango, mas não tem à carne Lucas tinha alergia a tudo isso!”, conta Lúcia. Quando seu filho estava com 1 ano e 11 meses, começou a frequentar a escola. Na reunião com a coordenação e a professora, ela e o marido explicaram a situação do Lucas e todas as suas restrições.
De acordo com Lúcia, desde o primeiro dia, a escola já evidenciou na capa da agenda que se tratava de criança alérgica. A professora tinha a lista, com todos os alimentos que ele não podia comer, exposta na sala de aula.
“No momento do lanche (recreio) a professora procurava colocá-lo sentado ao lado das crianças que tivessem o lanche 'mais próximo' do que ele podia comer. Por exemplo, se uma criança tivesse como lanche brigadeiro, ela colocava essa criança sentada bem distante dele (apenas no momento do lanche)”, explica a mãe de Lucas..
A medida é importante para para não despertar a curiosidade e nem vontade de ingerir um novo alimento. Também é preciso que pais, professores e colegas procurem enaltecer o que a criança com restrição alimentar pode comer. Também a escola deve avisar de qualquer evento festivo, no qual haverá comida, para os pais providenciar o lanche de casa.
A professora e os recreadores devem seguir à risca e dar apenas alimentos que a criança com restrição alimentar traga de casa. Mas talvez o mais importante seja a conscientização da própria criança. Os pais devem educar os filhos não aceitarem nada que lhe ofereçam, informando-os sobre os riscos.
“Uma das coisas, que a própria professora falava, que ajudava muito, era o fato do Lucas não aceitar o que dessem a ele. Ele mesmo dizia para as pessoas que não podia. Ele tinha 2 anos e mal sabia falar, mas já entendia bem e, sem sofrimento, que ele tinha restrições alimentares. Acho que nós sofríamos mais que ele”, conta Lúcia.
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