Rabdomiólise: síndrome grave é causada por exercício físico intenso

Médico do esporte alerta para atividades como crossfit e HIIT, modalidades que podem contribuir para o rompimento das fibras musculares

Saiba mais sobre a Rabdomiólise, síndrome que pode causar insuficiência renal.

 

Exercícios físicos intensos e excesso de esforço muscular podem causar uma síndrome pouco conhecida: a rabdomiólise. Grave, ela ocorre quando as fibras dos músculos são rompidas, provocando a liberação de proteínas tóxicas na corrente sanguínia, como a mioglobina.

Segundo o Dr. Renato Estrela, especialista em medicina do esporte do CECAM, quando a mioglobina é liberada no sangue, ela é filtrada para fora do organismo por meio dos rins. Esses órgãos ficam, assim, sobrecarregados, por causa da toxidade da proteína. Os sintomas da sídrome incluem urina escura, fraqueza muscular e fadiga.

Em casos mais graves, explica o médico, ainda é possível detectar insuficiência renal, inchaços pelo corpo, diminuição da frequência urinária, falta de ar, letargia, náuseas, tontura e vômitos.

Treinos intensos, como crossfit e HIIT, podem causar rabdomiólise?

"Em parte, sim", explica o médico. "Qualquer outro exercício que não é realizado corretamente também pode causar a síndrome". O crossfit e o HIIT são atividades mais complexas, que podem gerar gestos esportivos inadequados, progressão rápida das atividades e enfraquecimentos musculares locais, o que aumenta a chance de lesões musculares. "Os limites do corpo devem ser respeitados e não se deve pular passos", alerta Renato.

Mas não é só quem treina pesado que pode ser atingido pela síndrome. Dentre as causas da rabdomiólise também estão:

  • queimaduras,
  • bloqueio dos vasos sanguíneos,
  • crises de convulsões, 
  • doenças genéticas e metabólicas. 

Como a síndrome é detectada?

O primeiro passo é uma conversa detalhada do médico com o paciente para saber seu histórico clínico. Além disso, também é feito um exame físico que verifica se existem lesões musculares e exames laboratoriais. "O médico poderá diagnosticar pelo aumento dos índices de mioglobina e creatinoquinase no sangue, substâncias que existem dentro da célula muscular e são liberadas na corrente sanguínea quando as fibras são rompidas", explica Renato.

Além destas substâncias, o aumento do potássio e da creatinina no sangue e na urina também indicam que existe alguma lesão nos rins. Por fim, uma análise na urina também é necessária. "Muitas vezes a urina fica com um aspecto escuro, como um chá", explica.

É possível tratar a rabdomiólise?

O tratamento da síndrome é simples: consiste em hidratar-se com soro fisiológico e bicarbonato, substâncias que ajudam a combater o ácido no sangue devido à lesão muscular. O bicarbonato também ajuda a remover a mioglobina dos rins. 

Em casos mais graves, explica Renato, como uma insuficiência renal aguda, o paciente poderá até mesmo realizar sessões temporárias de hemodiálise para readequar os índices de sódio, potássio, fosfato e outros produtos residuais.

O tratamento é indispensável, pois além de evitar a insuficiência renal, previne a  síndrome compartimental, que é o aumento da pressão no compartimento muscular, e também alterações do ritmo cardíaco, causadas pelas alterações de potássio no sangue.

Após o tratamento, explica o médico, não é possível determinar o tempo certo para voltar a praticar atividade física. "Existem vários graus de rabdomiólise. Depende muito das complicações e do retorno dos índices laboratoriais. Esses índices variam de pessoa pra pessoa e o especialista tem que ir acompanhando", esclarece.

Como prevenir a síndrome?

De acordo com o especialista, um plano de exercícios correspondente ao preparo físico de cada pessoa é o primeiro passo para evitar a rabdomiólise. "É importante não haver excessos, respeitando a individualidade de cada um, além de um acompanhamento profissional na orientação das atividades e das cargas", explica. 

O professional ainda dá uma dica fundamental: "Não existem riscos quando o exercício físico é feito de maneira correta e com orientações de médicos e educadores físicos. Respeite o seu corpo!", finaliza o especialista.

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