Divórcio, mesmo amigável, ainda afeta os sentimentos dos filhos
Quando um casal se separa e têm filhos, as relações precisam ser harmoniosas, não importa qual tinha sido o motivo do divórcio
Quando um casamento chega ao fim e ficam, além de um coração partido, filhos frutos desta união, é preciso entender que as crianças devem ser preservadas de qualquer rancor em relação aos pais. Embora pareça óbvio, na prática nem sempre funciona tão facilmente. A questão é que uma separação é sempre dolorosa. Mas essa dor não deve ser resvalada para os filhos.
“O principal, no caso de divórcio, é os pais entenderem que, independente do motivo da separação, eles sempre terão uma ligação, que é o filho. E será essa relação que eles precisam cuidar, para o bem deles e dos filhos" orienta a psicóloga especialista em saúde social, Marcela Abreu.
Principalmente quando o divórcio foi motivado por uma traição, é comum os pais cometerem erros que eles sequer percebem. “Uma vez, vi uma mãe falar na frente do filho de quatro anos ‘agora acabou, não quero mais ele na minha vida’, referindo-se ao pai da criança. Imediatamente olhei para a criança e falei: ‘olha, você sempre terá ele na sua vida’", conta Marcela.
Os erros mais frequentes de pais no divórcio
O relato da psicóloga ilustra bem os pequenos deslizes cometidos pelos pais após o divórcio. O que talvez estes pais não saibam é o quanto a ruptura da união pode trazer sequelas às crianças. Desde medos e inseguranças, até mesmo casos mais graves de depressão infantil.
“Quando a criança ouve isso e ela mora com a mãe, seu pensamento imediato é ‘nunca mais vou ver meu pai’. Tudo que é preciso falar sobre um dos ex-cônjuges deve ser feito longe das crianças. Durante o divórcio, é comum os filhos sentirem culpa pela separação dos pais”, explica a terapeuta de família Helena Monteiro.
Os erros mais frequentes dos pais em relação aos filhos, durante o processo de divórcio, são:
- falar mal de um dos cônjuges na frente da criança;
- fazer comparações do tipo ‘ah, garanto que com seu pai você não se comporta assim’;
- pedir informações ou fazer perguntas sobre a nova casa e a nova vida do(a) ex-companheiro(a) à criança;
- acusar o ex-cônjuge de qualquer falta, seja emocional ou financeira do filho. Por exemplo, se o cônjuge não pagou a pensão, este assunto deve ser resolvido com o cônjuge e não com a criança.
Quando evitar situações como as listadas anteriormente se torna impossível, a recomendação é o casal procurar ajuda terapêutica para eles e para os filhos também.
Divórcio é comum, mas ainda dói
E se por uma lado as mágoas vindo à tona causam danos ao emocional dos filhos, especialistas alertam sobre um outro agravante da era atual em relação ao divórcio e os filhos. Em nossa sociedade, com maior liberdade, tem sido cada vez mais natural os casais optarem pela separação. Este é um lado do divórcio para o qual pouco se atenta.
“Quando o casal lida com o divórcio de forma natural e racional, sem brigas ou acusações, sempre parece melhor. Porém, nestes casos muitas vezes as crianças sentem vergonha de verbalizar que estão sofrendo. Acreditam que elas é que estejam erradas, já que os pais lidam com isso ‘numa boa’”, ressalta a terapeuta de família.
Portanto, pais não devem minimizar a dor das crianças neste momento difícil para todos. Durante o processo de divórcio, o papel de psicólogos especialistas em terapia familiar é o de ajudar a manter a harmonia da convivência entre os pais separados e preservar a saúde emocional dos filhos.
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