Aumenta uso de remédio de tarja preta em tratamentos de distúrbios infantis

Pais devem ficar alertas ao aumento da prescrição de remédio de tarja preta para cuidar de déficit de atenção ou hiperatividade infantil

Aumenta prescrição de remédios de tarja preta para crianças.


Segundo levantamentos do IMS Health, grupo americano especializado em pesquisas de saúde, em 2014 houve um aumento de 50% na prescrição de remédios de tarja preta para crianças nos Estados Unidos, comparado ao ano anterior.

No Brasil não tem sido muito diferente. Retrato de uma sociedade com tendência a padronizar o comportamento infantil ou de pais que não sabem lidar com o estresse dos filhos, estudos mostram aumento considerável do número de prescrição do medicamento Ritalina para crianças diagnosticadas com o chamado Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Especialistas alertam sobre os riscos do excesso de diagnóstico para distúrbios infantis e, como consequência, o maior número de receitas para remédios de tarja preta destinados às crianças.


Terapia de família em vez  de remédios controlados

Terapeutas veem a força do marketing das indústrias farmacêuticas como principal causa do aumento da prescrição de remédios controloados para crianças. Segundo a psicóloga Aline Gomes, o tratamento dos distúrbios de atenção ou comportamento nem sempre precisam deste tipo de medicamento.

“Na França, por exemplo, os diagnósticos de distúrbios infantis são feitos com base em uma observação maior sobre a criança e o comportamento da família. A criança pode ter um comportamento hiperativo por uma questão relacionada aos pais ou à família. A criação é extremamente relevante no caso de distúrbios infantis”, explica a terapeuta.

A psicóloga recomenda aos pais que procurem um psicólogo, um psiquiatra e um pedagogo, pelo menos, antes de entrarem com remédios de tarja preta para as crianças.

“Eu mesma já presenciei um caso de uma criança que foi diagnosticada com TDAH e, ao frequentar uma terapia de Constelação Familiar, acabou descobrindo outra causa para a falta de atenção”, orienta a psicóloga.


Remédios de tarja preta e diagnóstico errado

Embora a solução de usar remédios controlados para tratar de crianças possa parecer a mais cômoda, deve-se ficar atento aos riscos. E não somente para os efeitos colaterais da química no organismo infantil. O risco de um diagnóstico errado pode levar à utilização sem necessidade de um remédio de tarja preta.

“O problema é rotular de cara os distúrbios. No caso do autismo, por exemplo, há vários níveis e tudo deve ser observado de perto. Os riscos podem ser estender o problema, confundir a criança e comprometer o tratamento”, alerta a psicóloga Aline Gomes.

Para a terapeuta, quando os pais escutam que seus filhos apresentam distúrbios comportamentais, o ideal é ter pelo menos duas ou três opiniões antes de decidir dar remédios de receita controlada. A classificação das crianças de acordo com seus distúrbios emocionais nem sempre estão certas.

“Existe chance de o diagnóstico estar errado, porque muitas pessoas se tornam adeptas do autodiagnóstico. Muita gente procura no Google, no grupo de Facebook de mães, mas esses são lugares para se orientar, e não para definir o que o seu filho tem”, reforça a terapeuta.

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