TDAH: crianças desatentas podem virar adultos problemáticos

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade pode causar sérias consequências se não for identificado a tempo

Os pais e professores devem ficar atentos aos sintomas para identificar este transtorno.


Desatenção, dificuldades de memorização e aprendizado na escola, mau relacionamento com colegas e professores. Normalmente, o aluno que apresenta estes problemas é simplesmente taxado de mal-educado. Mas, na verdade, ele pode sofrer de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A disfunção atinge até 5% das crianças. Metade delas cresce com a doença e sofre com a evolução destes sintomas até a vida adulta.

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH se manifesta em diversos aspectos da vida cotidiana, especialmente em três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. “Nos adultos, a tendência é de uma inquietação mental, pensamento que não desliga. Outro aspecto é a impulsividade, agir sem pensar, pessoas impacientes que não esperam a vez, fazem coisas das quais se arrependem”, exemplifica Dr. Mário Louzã, especialista em psiquiatria.  

Quais são as causas?

Estudos comprovaram que o TDAH tem origem em alterações na região frontal do cérebro, responsável por controlar ou inibir comportamentos inadequados. São muitas as causas que supostamente são atribuídas ao transtorno, especialmente a predisposição genética.  “Alguns fatores que interferem no período gestacional também podem contribuir para o aparecimento do transtorno, como complicações no parto, tabagismo e ingestão de álcool durante a gravidez”, explica Louzã.

Como reconhecer?

De acordo com os critérios de diagnóstico atuais, validados por associações e institutos relacionados à psiquiatria e psicologia em todo o mundo, o transtorno se manifesta em crianças antes dos 12 anos de idade. Este é um dos motivos que o TDAH causa prejuízo funcional e mau rendimento escolar

“Nas crianças são questões escolares, relacionamento ruim com colegas de classe, tumulto no ambiente familiar. O adolescente é problemático, tem maior risco para tornar-se usuário de drogas, maior índice de repetência, dificuldade de entrar e terminar a faculdade. O adulto tem rendimento ruim no trabalho e na vida acadêmica, problemas nos relacionamentos conjugais, maior risco de acidentes e multas na direção de veículos”, aponta o especialista. 

É possível tratar?

No caso das crianças, o tratamento envolve primeiramente a orientação da escola e da família. O problema é que muitos professores, que tem o contato direto com os pequenos, percebem o transtorno e já recomendam aos pais o uso do medicamento ritalina. Este remédio, controlado, só deve ser usado em casos mais graves e sob orientação médica. Se a disfunção for mais leve, há a opção de psicoterapia ou estratégias de psicopedagogia. Os adultos também podem se beneficiar de psicoterapia associada ao tratamento com medicamentos. 

A presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA),  a psicóloga e psicanalista Iane Kestelman, acredita que o tratamento adequado do transtorno é multimodal, com uma equipe multidisciplinar que fará acompanhamento ao paciente. “Essa equipe deve ser composta por médicos, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos. Na maioria dos casos, o tratamento é realizado através de medicamentos, psicoterapia cognitivo-comportamental e psicoeducação, que nada mais é do que educação continuada sobre o transtorno”, finaliza. 

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