Tratamento do câncer: nova terapia genética faz células cometerem 'suicídio'
Uma técnica de tratamento do câncer, que está sendo desenvolvida nos EUA, utiliza a modificação genética de células cancerosas para elas se autodestruírem
Surge mais um motivo de esperança para médicos e pacientes na luta contra o câncer. Uma nova terapia genética conseguiu modificar as células de câncer de próstata para que o sistema imunológico do corpo do paciente pudesse atacá-las e eliminá-las.
Esta técnica foi descoberta por cientistas americanos e, segundo os pesquisadores, induz o tumor a se autodestruir no corpo do paciente, por isso o nome "terapia do gene suicida". Os pacientes que foram submetidos aos testes apresentaram taxas de sobrevivência de entre 94% e 97% após cinco anos.
Em relação técnicas de tratamento do câncer utilizadas atualmente, os especialistas afirmam que este novo método pode aumentar as chaces de sobrevivência de 5% a 20%, também com base no índice de sobrevivência dos pacientes com câncer de próstata após cinco anos de tratamento.
Nova terapia genética contra o câncer
O estudo apresentado foi conduzido por pesquisadores do Hospital Metodista de Houston, no Texas. A terapia, quando combinada com radioterapia, pode se tornar uma grande aliada no tratamento do câncer de próstata no futuro. Os cientistas conseguiram gerar uma modificação genética nas células cancerosas, que a partir daí passam a emitir um "sinal" ao sistema imunológico para que ele possa atacá-las.
Normalmente, as células cancerosas se desenvolvem no corpo humano porque este não as reconhece como inimigas, uma vez que elas surgem a partir de células saudáveis.
Para gerar a mudança, os especialistas utilizaram um vírus para transportar a terapia genética até o tumor. Assim o sistema imunológico recebe um alerta e gera um ataque em massa contra as células cancerígenas.
Os 124 pacientes voluntários, todos com uma forma agressiva de câncer de próstata, foram divididos em dois grupos. Um deles recebeu a terapia genética duas vezes e o outro grupo foi tratado três vezes. A radioterapia também foi utilizada nos dois casos.
As biopsias realizadas nestes pacientes dois anos após o estudo deram negativo para o câncer em 83% e 79% dos pacientes dos dois grupos. Brian Butler, responsável pela equipe do Hospital Metodista de Houston que desenvolveu o estudo, afirmou que a descoberta poderá mudar a forma como o câncer de próstata é tratado até hoje.
"Poderemos injetar o agente diretamente no tumor e deixar o corpo matar as células cancerosas. Uma vez que o sistema imunológico tenha conhecimento das células cancerosas, se elas voltarem, o corpo saberá como matá-las", conclui Butler.
Outros especialistas em imunoterapia oncológica, como o professor Kevin Harrington, do Instituto para Pesquisa do Câncer, em Londres, afirmam que apesar de serem resultados interessantes, outros estudos devem ser feitos, inclusive com testes aleatórios para conferir a eficácia do novo tratamento.
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