Língua presa: saiba como detectar e quais os tratamentos

Uma das dificuldades de fala mais comuns entre crianças tem causas hereditárias e pode ser revertida com fonoaudiologia e até por cirurgia

Língua presa exige diagnóstico e tratamento prematuros.

O célebre personagem Cebolinha, das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, de autoria de Maurício de Souza, imortalizou de forma graciosa o problema de língua presa. Nas historinhas infanto-juvenis, Cebolinha troca o 'R' pelo 'L' ao pronunciar as palavras. Assim como o personagem de ficção, algumas crianças nascem com o problema.

A língua presa ocorre quando o frênulo lingual (uma pequena tira de tecido logo abaixo da língua) é curto. De acordo com especialistas, é fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Isso evita o déficit de aprendizagem, problemas na socialização da criança e impede até que a criança se transforme em alvo de bullying.  

“As causas da língua presa não são conhecidas. Pode ser hereditário,
mas também pode acontecer em bebês sem histórico familiar. A língua presa pode afetar o desenvolvimento bucal do bebê, bem como a forma como ele come, fala e engole”, alerta a fonoaudióloga Tereza François, do Hospital Oeste D’Or. 

Segundo a especialista, a língua presa pode levar a problemas como:

  • Problemas de amamentação;
  • Dificuldades de fala;
  • Higiene bucal deficiente;
  • Desafios com outras atividades orais, como tomar um sorvete de casquinha, lamber os lábios ou tocar um instrumento de sopro.

Como detectar cedo a língua presa

De acordo com a Dra. Jacqueline Klarosk Santim Padovesi, médica especialização em pediatria pelo Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP, ainda na maternidade alguns exames podem ser realizados para detectar se existe o problema.

É o caso do ‘teste da linguinha’, exame que consiste em o pediatra ou fonoaudiólogo inspecionarem o frênulo antes da alta do recém-nascido. 

“Ter o frênulo curto pode acarretar em alterações no posicionamento da língua gerando dificuldades na mamada, pois o bebê pode morder o seio em vez de sugar, gerando dor e desconforto na mãe. Posteriormente, pode afetar a fala, com dificuldade para emitir alguns sons”, reforça a Dra. Jacqueline Padovesi. 

Mas mesmo se a inspeção do frênulo lingual não foi realizada na maternidade, pode ser feita na consulta com o pediatra. “Geralmente a criança mais velha com língua presa apresenta dificuldade de levantar a língua até os dentes superiores e colocá-la para fora da boca, além do problema de fala”, completa a pediatra. 

Língua presa pode demandar cirurgia

É normalmente quando o bebê começa a falar que surgem os sinais mais evidentes da má formação do freno lingual. Além de trocar os fonemas com a letra ‘R’, quem sofre de língua presa também apresenta problemas na pronúncia de fonemas com as letras T, D, Z, S, N e L.

Especialistas afirmam que o tratamento de uma criança com língua presa  
deve envolver sempre os seguintes profissionais:

  • Clínico geral;
  • Pediatra;
  • Otorrinolaringologista;
  • Dentista;
  • Fonoaudiólogo.

Caso a criança apresente frênulo curto associado a alteração da fala, pode ser realizada uma pequena cirurgia ambulatorial, em que o pediatra ou odonto-pediatra corta o frênulo, chamada frenectomia lingual. 

“Este procedimento não é obrigatório, pois se houver bastante apoio e estímulo à amamentação exclusiva no peito, a mãe pode se adaptar à pega do bebê. Inclusive o fato de mamar pode alongar o frênulo ao longo do tempo”, orienta a pediatra Jacqueline Padovesi. 

Para a fonoaudióloga  Tereza François, a cirurgia indicada é simples, com um pós-operatório rápido, sem grandes dificuldades e extremamente fácil de ser realizada por um dentista. 

“A frenectomia lingual pode ser feita em adultos e crianças e muda drasticamente a vida dos pacientes. Quanto mais cedo for realizada, melhores são os resultados. Mas a cirurgia pode não resolver definitivamente determinados casos, sendo necessário um complemento de tratamento por um fonoaudiólogo”, afirma a especialista do Hospital Oeste D’Or.

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