Saiba como desenvolver a autoestima infantil
Pais e educadores têm papel fundamental para aumentar a autoestima infantil e fazer as crianças tornarem-se adultos mais equilibrados
Dificilmente os pais conseguem não cair na armadilha de dizer aos filhos filhos frases como 'você é muito bagunceiro!' ou 'você só faz bobagem!'. Mas palavras aparentemente inocentes ditas em uma hora de descontrole podem ter consequências não muito positivas para a autoestima infantil.
Segundo Dorothy Corkille Briggs, autora do best-seller A Auto-Estima do seu Filho, um dos mais recomendados livros de educação infantil, essas sentenças ouvidas na infância viram crenças que podem prejudicar a construção do amor-próprio.
A principal premissa do livro é que a criança ao ouvir frases taxativas das pessoas que mais ama, toma aquelas palavras como verdade absoluta. A criança não vê ainda subjetividade na comunicação e por isso acredita naquilo que os pais estão dizendo, literalmente.
Para educar e corrigir os erros das crianças, não é preciso aceitar maus modos ou comportamentos inadequados dos filhos, defendem especialistas.
Mas, então, como seria isso na prática? Através de um discurso menos categórico.
O ponto fundamental para o desenvolvimento de uma boa autoestima infantil seria tomar a afetividade como premissa para a educação.
“Primeiramente os pais podem ajudar na formação da autoestima dos seus filhos reconhecendo as potencialidades de cada um e buscando entendê-los como universos particulares. A partir daí, eles devem estimular as qualidades e identificarem os defeitos, a serem trabalhados a partir do diálogo e do afeto”, reforça a psicóloga e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis Camila Aloisio Alves.
Como desenvolver uma boa autoestima infantil?
Trocar frases como ‘você é bagunceiro’ por uma do tipo ‘estou muito triste porque pedi para arrumar a bagunça de seu quarto e você não fez. Eu seria bem mais feliz se você arrumasse seus bonecos e jogos depois de brincar’. Para as criança, essa frase mexe com bons sentimentos: como tem afeto pelos pais, gostaria de vê-los felizes.
Pode até não funcionar imediatamente, mas o efeito é menos destrutivo. Ao contrário de quando uma criança escuta o tempo inteiro que é bagunceira. Ela toma aquilo como verdade e não vê sentido em ter que arrumar nada. E isso vale para todos os adjetivos: você é feio, você é malcriado, você é difícil, você é preguiçoso e por aí vai.
Também jamais deve-se comparar o filho com outras crianças e muito menos com os irmãos. “Qualquer tipo de comparação a fim de "estimular" que os filhos melhorem pode ser muito prejudicial à construção da autoestima infantil, sobretudo, porque esse tipo de prática distancia os pais e a própria criança do reconhecimento do potencial e das qualidade individuais”, explica Camila.
Para a especialista, o olhar para cada filho deve ser singular e respeitoso. Principalmente pelo fato de haver uma sociedade muito competitiva e que vê o sucesso atrelado à conquista de boas notas, bons resultados em exames e na escolha de determinadas carreiras que são mais valorizadas que outras.
“Querer que um filho siga esse padrão ou comparar seu próprio rendimento a partir de parâmetros impostos pela sociedade ajuda na desvalorização do potencial de cada um. Por consequência, teremos a baixa autoestima dos filhos”, afirma Camila Aloisio Alves.
A escola tem papel na autoestima infantil
Muitos pais temem que seus filhos não aprendam e não alcancem um determinado tipo de sucesso. E esse temor só impossibilita conhecer as característica do filho e ajudá-lo ao longo da formação escolar.
“Por exemplo, o aluno que não tira 10 em tudo, dentro de um modelo de provas e testes, não representa o mau aluno que não consegue aprender, mas muito provavelmente é um aluno que aprende por meio de outros estímulos”, orienta a especialista.
A escola, portanto, também desempenhando um papel importante para forjar a autoestima infantil. Costuma ser o primeiro ambiente fora da família no qual a criança vai criar laços e interagir com pessoas importantes na sua formação como indivíduo.
“Sob a ótica da modulação das relações em sala de aula, os professores devem ficar atentos e intervir o mais prontamente possível diante de casos de bullying que, infelizmente, são ainda muito frequentes", aponta Camila.
A especialista completa ainda que pais e professores ajudam na construção da autoestima de um aluno ou de um filho, valorizando os potenciais de cada um e respeitando as individualidades a fim de estimular um crescimento e desenvolvimento pleno.
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