Fibromialgia: uma doença sem cura e pouco conhecida
Especialista explica as principais características da fibromialgia e como é possível amenizar as crises de dor causadas pela doença
A fibromialgia é conhecida como a doença que provoca dores por todo o corpo sem que haja um motivo – seja por lesão, trauma, infecção, etc. Ainda sem definição precisa, pouco se sabe como a patologia se manifesta e costuma-se, inclusive, associá-la somente a fatores psicossomáticos.
Apesar de já terem sido confirmados casos em idosos, adolescentes e até mesmo crianças, a fibromialgia é mais comum em mulheres (90% dos casos), principalmente com idade entre 30 e 55 anos, Há uma estimativa de que aproximadamente 5% da população mundial sofre com a doença, enquanto no Brasil estes números ficam próximos dos 3% dos brasileiros.
Entre os sintomas mais comuns da fibromialgia podemos destacar:
- cansaço;
- dificuldade de concentração;
- ansiedade;
- formigamentos e dormências de membros;
- depressão;
- tontura;
- alterações intestinais.
O grande problema é que estes sintomas podem durar um longo período – meses ou até mesmo anos – até que seja feito um diagnóstico definitivo.
O que é fibromialgia
De acordo com o reumatologista e clínico geral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), André Luiz Luquini Pereira, a fibromialgia é definida como uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas, manifestando-se através de dores pelo corpo.
Ainda não foram identificadas causas específicas para a doença, mas alguns estudos indicam que os pacientes diagnosticados apresentam uma sensibilidade maior à dor do que as outras pessoas.
“É como se o cérebro das pessoas com fibromialgia interpretasse de forma exagerada os estímulos, ativando todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor”, afirma Pereira.
O reumatologista lembra ainda que, apesar de se tratar de dores que se manifestam sem a existência de um motivo específico, ela pode surgir a partir de uma situação traumática.
“A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves, como um trauma físico, psicológico ou infecções intensas. É preciso destacar ainda que situações como excesso de esforço físico, exposição ao frio, estresse, ou doenças infecciosas podem piorar as dores”.
A situação pode piorar de acordo com as questões emocionais, pois o cérebro interpreta a dor sob influência de diversos elementos, principalmente os sentimentos.
“Isto pode ser explicado pelos neurotransmissores — substâncias químicas cerebrais que conectam as células nervosas —, como a serotonina e a noradrenalina. Essas substâncias têm papel importante na interpretação da dor e na depressão”, explica André Luiz Luquini Pereira.
Diagnóstico difícil, mas tem tratamento
A fibromialgia é uma doença difícil de diagnosticar, justamente por não ser resultado de uma lesão ou trauma. O que pode ser feito pelos especialistas é a indicação de diversos exames cínicos e laboratoriais. Assim, pode-se ir descartando outras possíveis doenças que apresentam sintomas semelhantes.
O reumatologista explica que a fibromialgia é uma doença ainda sem cura, mas é possível desenvolver um tratamento que possa dar mais qualidade de vida ao paciente. Os medicamentos antidepressivos e neuromoduladores estão entre os mais indicados em caso de fibromialgia.
Já os anti-inflamatórios e analgésicos simples geralmente não surtem os efeitos esperados. Segundo o especialista, isso ocorre pelo fato de que estes tipos de medicamento não trabalharem para regular o cérebro e, assim, diminuir a sensação exagerada de dor.
A adoção de hábitos de vida mais saudáveis também pode ajudar muito na redução das crises e sintomas. Entre elas. destaca-se prática de atividades físicas, principalmente os exercícios aeróbicos no solo, como caminhadas, ou na piscina, como hidroginástica, mas sempre feitos com indicação e acompanhamento de um profissional.
Pode ser importante para o paciente procurar também a psicoterapia cognitiva-comportamental, que costuma ser eficaz no tratamento. “Na fibromialgia, a terapia pode auxiliar o paciente a entender e interpretar melhor suas atitudes frente à dor e demais sintomas”, conclui.
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