Drogas: como tratar esse assunto com os filhos
Conscientização é a melhor arma para evitar o envolvimento de jovens com drogas
O envolvimento de jovens e adolescentes com drogas é uma realidade com a qual muitos pais acabam precisando lidar. Os efeitos destes entorpecentes no cérebro afetam o desenvolvimento psíquico, principalmente quando o consumo começa na tenra idade. E o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) mostra como as chamadas drogas ilícitas chegam muito cedo à vida de quem se torna dependente na fase adulta.
Segundo o estudo, mais de 60% dos usuários de maconha experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos de idade. Em relação aos usuários de cocaína, quase metade (45%) teve o primeiro contato com a substãncia antes da maioridade. Ainda não há dados concretos sobre o uso do crack, entorpecente que vem se espalhando no país, mas estima-se que a droga também comece a ser experimentada ainda na adolescência.
Para tentar evitar que os filhos sejam atraídos ao consumo de drogas, o melhor ainda é o diálogo. Esclarecer os jovens a respeito do risco das drogas, sem tentar convencê-los de que os efeitos momentâneos dos entorpecentes sejam desagradáveis, é a chave para abrir a conversa. Segundo especialistas, o assunto pode ser abordado com os filhos ainda pequenos, mesmo antes da adolescência.
Efeitos imediatos X consequências
A educação sobre este tema deve ser direta, clara e sem subterfúgios. Os pais devem se informar bem e pesquisar sobre o assunto antes de conversarem com os filhos.
"Muitos pais apenas dizem aos seus filhos ‘não provem drogas’, ou ‘isso é ruim’, esquecendo-se que os efeitos imediatos das drogas são de grande prazer para quem as consome”, orienta o psicólogo e psicoterapeuta André Luís Fabrício.
Fabrício toca em um ponto crucial, que é a tendência dos pais a tentarem ‘demonizar’ algo cujo efeito costuma ser prazeroso. Para especialistas, o primeiro passo é reconhecer a sensação de bem-estar que muitas drogas proporcionam, inclusive as legalizadas, como cigarro e álcool.
Quando os pais admitem perante aos filhos a possibilidade de os efeitos das drogas serem bons, as crianças e adolescentes ficam mais abertos a ouvirem os adultos sobre os riscos e consequências reais na vida dos usuários de drogas.
Meu filho consome drogas, e agora?
Os pais tentaram de tudo. Deram todas as orientações, foram exemplo e conscientizaram os filhos sobre o malefícios das drogas. Mas mesmo assim, o filho passou a consumir entorpecentes ilícitos. Nessa hora, será preciso encarar o problema de frente. Ao saber que o filho experimentou determinada substância, o primeiro passo é tentar entender o que o levou à droga.
Os adolescentes fazem isso, muitas vezes, para sentirem-se parte do grupo com o qual convivem. “Mas quando o jovem é seguro de si, consegue manter uma boa autoestima e sente-se acolhido pela família. Neste caso, sua necessidade por vivenciar algo que lhe 'complete’ será bem reduzida”, explica o psicólogo André Fabrício
Muitos casos de dependência começam com o uso de substâncias lícitas (álcool e tabaco), evoluindo depois para as drogas ilícitas. Compreender o padrão deste consumo e atuar para interrupção já no início é muito importante, para interromper uma possível 'escalada' de drogas - começando com as mais leves até chegar às mais pesadas.
Tratamentos contra drogas
O tipo de tratamento escolhido também vai depender do padrão de consumo. Hoje no Brasil há algumas modalidades de tratamentos para a dependência química. Existem desde as clínicas particulares, até comunidades terapêuticas, como os Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPSad do SUS).
As famílias com condições financeiras têm a opção de procurarem o acompanhamento psicoterapêutico individual ou terapia comportamental. E, independente da situação econômica, os grupos de apoio, como Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos, têm se mostrado eficazes no tratamento da dependência química.
De acordo com o psicólogo André Fabrício, é essencial o envolvimento da família no tratamento. Inclusive pais e irmãos devem receber cuidados também, pois adoecem junto com o usuário de droga.
“É preciso (inclusive nos casos em que se faça indispensável a internação) que o tratamento ensine o paciente a lidar com a oferta e facilidade de se obter a droga em seu meio social. O fundamental é cultivar em si mecanismos de defesa contra recaídas”, orienta o especialista.
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