Obesidade na infância: saiba como evitar que seu filho desenvolva
Especialista explica quais são os principais fatores que podem levar as crianças à obesidade e como manter seus filhos longe da doença
Não é muito difícil encontrar entre familiares e conhecidos uma criança que esteja acima do peso. Se por muito tempo isso foi visto como algo normal e até, de certa forma, considerado ‘bonitinho’, nos últimos anos vem tirando a tranquilidade de pais e especialistas. A incidência da obesidade infantil vem aumentando significativamente, gerando complicações de saúde na infância e consequências na idade adulta.
Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o problema já é visto como uma epidemia mundial, o que é confirmado pela Sociedade de Pediatria de São Paulo. Segundo a instituição paulista, a obesidade infantil 10% das crianças brasileiras estão obesas.
Patrícia Ramos, coordenadora do Serviço de Nutrição e Gastronomia do Hospital Bandeirantes, explica que a obesidade é definida como o acumulo de tecido adiposo, localizado em todo o corpo, com causas genéticas, alterações endócrino metabólicas e alterações nutricionais.
“A obesidade infantil é multifatorial, porém, estudos mostram que apenas 5% dos fatores são devido a carga genética e alterações hormonais”, ressalta Patrícia. Lembrando evidências na literatura científica, a especialista sugere que os principais fatores são os externos (95%), ou ambientais.
Na lista das causas, destaque para hábitos pouco saudáveis do dia a dia. Entre eles, horas na frente da televisão, uso do videogame, inatividade física, fator sócio econômico - quando as crianças com maior poder aquisitivo têm acesso mais fácil aos fast foods.
"Também existe a influência das propagandas na TV, incentivando o consumo dos alimentos industrializados, ricos em gorduras e açúcares pelas crianças”, reforça a coordenadora do Serviço de Nutrição e Gastronomia do Hospital Bandeirantes.
Os perigos da obesidade na infância
Patrícia Ramos explica ainda que o aumento no consumo de alimentos industrializados, somado a uma rotina sedentária, contribuíram para o crescimento da obesidade entre as crianças e adolescentes no país.
“Com isto aumentam os riscos do desenvolvimento das doenças crônicas, como a hipertensão, diabetes, dislipidemias, além de distúrbios respiratórios, doenças cardiovasculares, ortopédicas e cáries”, diz a especialista.
E o perigo pode estar bem mais próximo do que imaginamos. De acordo com a nutricionista, um dos grandes obstáculos da alimentação adequada é o lanche escolar. As cantinas, normalmente, oferecem salgadinhos, refrigerantes, sanduíches gordurosos e alimentos industrializados em geral.
"Quando ainda pequenas, as crianças consomem o lanche de casa que levam na lancheira, mas quando maiores, as merendeiras já ficam de lado e as tentações das cantinas são grandes”, reforça Patrícia.
A especialista aconselha que, quando o lanche pode ser preparado em casa, os pais devem optar por sucos naturais, frutas, lanche com frios, sucos com soja. Importante também é evitar biscoitos recheados, refrigerantes, sucos industrializados e salgadinhos.
“Já as cantinas escolares devem oferecer opções mais saudáveis como salada de frutas, sanduíches naturais, sucos naturais, além da escola auxiliar com orientações sobre alimentação saudável e seus benefícios. Muitas vezes, os adolescentes possuem opções mais saudáveis nas cantinas, mas preferem consumir as ‘besteirinhas’", avalia Patrícia.
Caso não seja possível evitar os salgados das cantinas, deve-se optar pelas comidas menos gordurosas, como o pão de queijo e as esfirras, que são assadas, indica a especialista.
Como evitar a obesidade na infância
De acordo com a nutricionista, não é recomendado uma dieta de emagrecimento para crianças. O caminho mais seguro é a reeducação alimentar familiar. “Não adianta apenas a criança seguir hábitos saudáveis, a participação da família é essencial para o sucesso do tratamento", ressalta Patrícia Ramos.
Como a criança está em fase de crescimento, a reeducação alimentar, associada à atividade física, é o suficiente para a criança atingir o seu peso normal. "Por isto também é importante os pais incentivarem a prática de atividades como andar de bicicleta, jogar bola, natação e outras atividades para evitar o sedentarismo”, completa a nutricionista.
Os cuidados para evitar o desenvolvimento da obesidade infantil devem começar logo após o nascimento da criança. “A alimentação adequada para a criança deve iniciar com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. Ao introduzir novos alimentos para o bebê, os pais não devem adoçar os sucos de frutas e nem as mamadeiras", ensina Patrícia.
Também não devem utilizar engrossantes na mamadeira, como amido e outras farinhas, pois são altamente calóricas, ricas em açúcar e só contribuem para o aumento de peso. "Ao introduzir os primeiros alimentos salgados, els devem ser incluídos um de cada vez. As sopinhas devem conter legumes variados e verduras, a fim de criar desde cedo o hábito de consumir verduras, legumes e frutas”, orienta a especialista.
E o equilíbrio alimentar deve seguir por toda a vida. Na época de introduzir a criança na ‘Alimentação da Família’, os alimentos escolhidos devem conter todos os nutrientes em cada refeição. A variedade pode ser o segredo de uma refeição saudável.
"Devem compor os pratos alimentos energéticos (massas, cereais, tubérculos, pães), alimentos construtores (carnes, leite e derivados, leguminosas) e alimentos reguladores (legumes, frutas e verduras). Os pais também devem evitar as frituras, optando por preparações cozidas ou assadas, além de não incentivar o consumo de doces”, destaca.
As atitudes recomendadas pela nutricionista podem parecer quase impossível de realizar, mas pela saúde dos filhos e da família é o que deve ser feito. É difícil proibir os doces para as crianças, mas é preciso estabelecer limites.
"Combine, por exemplo, ingerir doces nos finais de semana ou em uma festinha de aniversário. A educação alimentar também deve ser seguida pelos pais para incentivar a criança”, conclui a nutricionista.
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