As emoções da mãe passam para os filhos na gravidez?

Especialistas respondem como o estado emocional da mãe pode ser transmitido ao feto

Grávidas sem estresse, gestação feliz.


Durante a gravidez, a mulher fica envolta em uma aura de mitos capaz de acompanhá-la até a hora do parto – e ainda continuar por toda a vida de mãe. E não bastassem todos os desafios da maternidade, algumas crenças não comprovadas ainda podem fazer as mulheres sentirem-se ainda mais preocupadas, como a ideia de que as emoções da mãe passam para o feto.

Na medicina acadêmica não existe um trabalho que comprove que as emoções de uma mulher grávida sejam sentidas pelo bebê ainda no ventre. "Mas a experiência clínica tem mostrado que essa crença da mãe interfere no processo da gestação e no próprio desfecho do parto”, explica o médico obstetra e ginecologista Marino Pravatto Júnior.

Além das preocupações comuns de toda gestante, a apreensão em relação ao que o bebê poderia sentir pode aumentar o estresse. E este estresse afetaria a gestação.  Entre as mães ansiosas, os médicos costumam identificar uma tendência a darem à luz antes do tempo. 

Como dentro de um contexto científico não há evidências fisiológicas, não é possível afirmar que a ansiedade provoque um parto prematuro. "Mas há evidências de que esse estado de estresse leve à hiperemese gravídica, que são os vômitos e enjoos durante a gestação”, diz o Dr. Pravatto Júnior.

Emoções da mãe para filho

Além dos sintomas ligados ao mal-estar da gestante, no meio clínico também há registros de mulheres que afirmam perceber que os bebês mexem-se mais na barriga quando elas estão agitadas. Ou mesmo à noite, quando as grávidas decidem repousar após um dia difícil, o feto parece estar com a adrenalina a mil.

Responsável pelo empreendimento Centro Integrado Bella, um espaço no Rio de Janeiro dedicado a atividades ligadas ao bem-estar de gestantes, a ginecologista e obstetra Isabella Tartari acredita que o que passa para o bebê é a forma como as mães expressam as emoções.

"Quando a mãe está feliz, tudo flui bem. Se está preocupada, tensa, ela tende a se relacionar de forma diferente com o bebê. Mas a mãe não deve sentir-se culpada por isso. O importante é sempre conversar com o bebê dentro da barriga e explicar o que aconteceu. Isso fortalece o emocional e até ajuda a tranquilizar a gestante", defende a médica.

Para a Dra. Isabella, mesmo sem ter relação comprovada com o comportamento do feto, a gestante não deve ser submetida a estresse ou a emoções negativas. Porque o bem-estar pessoal da mãe acaba influenciando de forma indireta o bebê. "O estresse pode contribuir para o aparecimento de fatores de risco, como a hipertensão arterial, entre outros. E, assim afetar o bom andamento da gestação", completa a médica.

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