Saiba por que as brasileiras preferem a gravidez depois dos 30 anos
Um terço das brasileiras preferem a gravidez depois dos 30 anos, mostra pesquisa. Questões profissionais são os motivos principais para postergar a maternidade
Do ponto de vista biológico, ser mãe na faixa dos 20 anos seria o ideal. Os óvulos estariam mais novos e a produção mais adequada. Mas com os avanços e conquistas das mulheres e a luta pela igualdade de gêneros, que ganhou consistência nas últimas cinco décadas levaram a uma mudança significativa na idade escolhida para se ter um primeiro filho.
Os dados do último estudo Saúde Brasil, divulgado ano passado pelo Ministério da Saúde em 2015, mostram que um terço das brasileiras preferem a gravidez depois dos 30 anos. De acordo com a pesquisa, em 2000, 22,5% das mães estavam nessa faixa etária, enquanto que no ano de 2012, esse número passou para 30,2%.
Segundo o Dr. Pedro Monteleone, diretor da Clínica de Reprodução Humana Monteleone de São Paulo, a razão principal deste aumento de quase 10 pontos percentuais tem relação a uma mudança de mentalidade, motivada, principalmente, pela ascensão profissional ou competitividade do ambiente de trabalho.
“Esse resultado é bastante notável no dia a dia. Há uma maior postergação do desejo de concepção. Inúmeros avanços da medicina foram voltados a esta alteração de costumes, porém a questão reprodutiva envolve fenômenos biológicos, já elucidados e incontroláveis”, afirma o especialista em fertilidade.
Gravidez depois dos 30, mas não tão tarde
Mas apesar de quererem estabilizarem-se um pouco mais antes de serem mães, as mulheres estão cientes de que o corpo não espera tanto. É preciso equilibrar os objetivos profissionais com o sonho de ser mãe.
“Quando uma mulher de quarenta anos ovula está ovulando uma célula também de quarenta anos. O impacto dos anos na capacidade reprodutiva é marcante, tanto por fenômenos fisiológicos como pelo acúmulo de fatores adquiridos, como inflamações, infecções, endométrio, entre outros”, completa Dr. Pedro Monteleone..
A executiva carioca Cristina Oliveira casou-se aos 20 anos e levou dez anos para ter um filho. “As pessoas achavam que eu não seria mais mãe. Mas eu fazia faculdade, trabalhava e nem tinha comprado uma casa ainda com meu marido. Todos esses fatores contaram para eu fazer um planejamento e decidir pela gravidez depois do 30. Ao mesmo tempo, eu sabia que não poderia postergar muito por questões de saúde”, conta Cristina.
Hoje, aos 47 anos e mãe de João Pedro, de 15, diz que sentiu pouca dificuldade de engravidar, mas, de acordo com médicos, o melhor que a executiva fez foi não deixar a gravidez depois dos 30 ser quase uma gravidez depois dos 40.
“O declínio da função reprodutiva se inicia aos 35 anos. Porém, é verdade que as mudanças nos hábitos de vida, com uma alimentação mais balanceada, atividades físicas regulares e com o combate ao fumo e estresse, têm contribuído de forma positiva para anular, parcialmente, o impacto do tempo. A alternativa atual no combate a essa queda da fertilidade pela idade é o congelamento dos óvulos em uma idade mais fértil, uma técnica simples e eficiente”, previne o Dr. Monteleone.
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