Aids: é preciso falar sobre prevenção
Casos de contaminação por HIV no Brasil aumentam proporcionalmente ao crescimento da população. Principal causa ainda é a prática do sexo sem camisinha
O Brasil é modelo mundial no tratamento contra Aids, mas os casos continuam estáveis, sem redução no percentual de pessoas contaminadas pelo vírus HIV. Os números divulgados em agosto de 2015 pela UNAIDS, a Equipe Conjunta da ONU sobre HIV/Aids, mostraram um aumento de 11% nos casos de pessoas infectadas no Brasil.
A falta de percepção de risco em contrair AIDS é o problema que leva ao aumento de contaminação pelo vírus HIV no país. Embora os dados representem números absolutos, o que significa que o aumento é proporcional ao crescimento demográfico do país, a falta de prevenção ainda é o entrave maior para a redução dos casos da doença no Brasil.
“É tão evidente que as pessoas estão transando sem camisinha que temos registrado também o aumento absurdo de outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis”, ressalta a médica Mônica Jacques de Moraes, infectologista da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Falta percepção do risco
Como a Aids atualmente é uma doença controlada por medicamentos, não se vê mais aqueles típicos casos dos anos 1990, quando os infectados pelo vírus definhavam publicamente e aparentavam os sintomas. Hoje uma pessoa infectada pode viver uma vida praticamente normal, sem que ninguém imagine que é portadora do vírus.
Este aspecto, embora seja positivo, tem um lado perverso. As pessoas acabam esquecendo que o vírus existe e perde assim o medo de contrair a doença. "Os jovens hoje não têm medo da Aids porque eles não conhecem a cara da Aids”, complementa a infectologista.
No Brasil, o medicamento antirretroviral é gratuito, a distribuição de camisinhas também e há campanhas de prevenção contínuas. Isso causa uma falsa ilusão de que Aids é fácil de tratar . "Não se pode recuar nessas políticas porque um ou outro relaxa. O certo é atacar o problema como tem sido feito e o errado é a inconsequência de transar sem camisinha", defende a infectologista da Unicamp.
Aids é uma doença sem cura
No país também é distribuído, sem restrições, o chamado ‘coquetel antiaids do dia seguinte', remédios para serem tomados após se submeter a uma situação de risco. Mas especialistas alertam que a Aids continua a ser uma doença sem cura.
Há quem não consiga se tratar porque não tem disciplina para tomar os remédios ou porque não suporta os efeitos colaterais da medicação. E as pessoas que não conseguem se tratar evoluem com a doença como nos tempos anteriores ao dos coquetéis antirretrovirais.
“Continuamos a ter pessoas morrendo de aids. Nos hospitais, as enfermarias de doenças infecciosas continuam com pessoas que ficam com a aparência que muitos ficavam na década de 90, como o Cazuza, para citar um exemplo de uma celebridade”, alerta a Dra. Mônica Jacques de Moraes.
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