TEI: agressividade em crianças pode ser algo além da raiva momentânea
Pais devem ficar alertas ao Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), caracterizado por agressividade desproporcional

Partindo da premissa que crianças são seres humanos em formação, os sentimentos inerentes aos adultos já existem dentro de cada um desde pequenos. Sentir raiva, por exemplo, é algo comum em situações de contrariedade, o que talvez diferencie seja a atitude e o controle, dependendo da idade. Na adolescência, explosões de raiva são frequentes. Mas há a agressividade também em crianças.
Mas qual seria o limite para o pavio curto entre os pequenos? “Ataques de raiva repetitivos e desproporcionais aos motivos que serviram de provocação podem ser sinais do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), um tipo de Transtorno de Controle de Impulsos (TCIs)", explica a psicóloga Fernanda Queiroz, cofundadora da Estar Saúde Mental.
O TEI se caracteriza por episódios graves e isolados de agressividade de forma desproporcional aos eventos que os desencadearam. Em geral, são precedidos de um fator estressante e seguidos de profundo arrependimento.
Entender os mecanismos da raiva
Mas, atenção: alguns dias de fúria não são suficientes para que se constate que uma criança tem este transtorno. Embora estudos apontem que, em adultos, o número de ataques por ano – que hoje é de três episódios em 12 meses – é o que delimita o problema, há controvérsias.
Até a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) parece apontar que não há critérios totalmente definidos. E se para adultos já é difícil, para identificar o transtorno em crianças é ainda mais delicado.
"Muito preocupa o excesso de classificações de doenças em nossos dias . Soa com uma necessidade de adultos em enquadrara os filhos em doenças, para colocar um véu na verdadeira origem de muitas questões originárias da agressividade infantil. Muitas delas relacionadas à própria criação dada pelos pais", alerta a psicóloga e terapeuta de família Helena Monteiro.
Agressividade gera agressividade
Crianças criadas em ambientes disfuncionais, como, por exemplo, pai ou mãe alcoólatras ou violentos são as mais propensas a desenvolverem a agressividade infantil.
Alguns outros motivos como falta de adaptação na escola ou bullying que a criança venha sofrendo são fatores também desencadeantes.
"É claro que não se pode descartar algum transtorno patológico, pois eles existem e devem ser tratados com seriedade. Mas estudos têm apontado que a grande maioria dos distúrbios de comportamento infantil tem causas de ordem mais emocional que neurológica", aponta Helena.
Em momentos de crise, os pais devem manter a calma
Segundo a especialista, os pais devem manter o controle na hora que os filhos deixam extravasar a raiva de maneira exacerbada. Espernear em público, se jogar no chão, bater em si mesmo ou nos outros devem ser controlados com intervenções físicas.
E não é palmada, mas pegar a criança no colo e tirar do chão, por exemplo. Também a intervenção de ordem psicológica, como conversar, abraçar, olhar no olho e perguntar por que ela está agindo desta maneira.
"A pior coisa que pode acontecer neste momento é os pais também perderem o controle. A criança precisa ser orientada, ela é um ser em formação. Logo, se os pais também são agressivos, devem ser os primeiros a procurar ajuda psicoterapêutica. Caso contrário, a criança continuará sendo agressiva", completa a terapeuta de família.