Entenda por que o primeiro trimestre de gravidez é tão delicado
Primeiros três meses de gestação são mais suscetíveis ao risco de aborto espontâneo. Especialistas explicam os motivos

De um modo geral, o primeiro trimestre de gravidez é considerado o mais crítico da gestação. Segundo especialistas, na maioria das vezes, quando o embrião possui defeitos que são incompatíveis com a vida, ele para de se desenvolver justamente neste período.
Como explica a Dra Tania Valladares, ginecologista e obstetra da clínica SAFE e da Santa Casa de São Paulo, no caso de a mulher sofrer uma infecção ou uma intoxicação que comprometa o embrião nos primeiros três meses de gravidez, isso costuma ter um efeito de "tudo ou nada".
"Ou o embrião comprometido morre e é totalmente eliminado em um aborto espontâneo, ou a gravidez seguirá com aquele evento tóxico tendo impacto mínimo ou nenhum na gravidez", explica a ginecologista e obstetra.
Primeiro trimestre de gravidez e o aborto espontâneo
Embora os riscos de aborto sejam maiores nos três primeiros meses de gravidez, quando a mulher sofre a perda do feto nesta fase, ela elimina o material embrionário mais facilmente. Com isso, há menor risco de restos embrionários retidos e maior possibilidade de ela engravidar novamente mais rápido.
Mas a fragilidade do primeiro trimestre não é sinônimo de vulnerabilidade do óvulo. "Nesta fase o óvulo fertilizado está relativamente protegido, de forma que eventuais abusos que a mulher venha a se sujeitar, infecções ou mesmo traumas, atingem o embrião com maior dificuldade", esclarece a Dra. Tania.
A médica acrescenta, no entanto, que se o dano conseguir atingir esse óvulo ou embrião, lhe causará um dano provavelmente irreparável e incompatível com a vida, levando ao abortamento.
"Além disso, no primeiro trimestre de gravidez ainda não há uma placenta formada. E se a placenta não se forma adequadamente, o embrião não conseguirá se desenvolver em feto e morrerá", alerta a ginecologista.
Cigarro e álcool: vilões do 1º trimestre de gravidez
Por vezes, a mulher não sabe ainda que está esperando um filho e continua a fazer coisas consideradas "inocentes" quando realizadas por uma mulher que não está grávida. Entre essas atitudes, consumir alcool e fumar são as mais perigosas.
"As substâncias químicas do cigarro podem elevar os riscos de descolamento da placenta, provocar sangramentos e impedir a chegada de oxigênio ao bebê, aumentando o risco de aborto natural nos três primeiros meses de gravidez", ressalta ginecologista responsável pela área de reprodução humana da clínica Criogênesis, Dr. Renato de Oliveira.
Já as atividades físicas são seguras, desde que a mulher mantenha um padrão de exercício ao qual ela esteja acostumada, e não se exponha a traumas. "Por isso recomendamos exercícios em solo e sem impacto", completa a Dra. Tania Valladares.
O que evitar no primeiro trimestre de gravidez
De acordo coma ginecologista e obstetra da clínica SAFE, é preciso que as gestantes evitem as seguintes atividades durante o primeiro trimestre de gravidez:
- esportes radicais (mergulho, escalada, paraquedismo);
- atividades físicas em nível competitivo, que sujeita o corpo a extremos;
- consumo de álcool, cigarro e drogas;
- alisamentos químicos;
- tinturas de cabelo (produtos livres de metais pesados podem ser usados após os 3 primeiros meses de gravidez);
- medicamentos quaisquer que não tenham sido prescritos por um médico;
- alimentos mal cozidos ou, se de consumidos crus, mal higienizados;
- evitar contato com terra ou fezes de animais sem o uso de luvas. Fezes de gato podem estar contaminados com toxoplasmose, que causa malformações na gestação;
- evitar qualquer vacina que não seja a anti-tetânica, a para hepatite ou a para influenza (gripe), exceto que seja fortemente recomendada por um médico.