Toxoplasmose na gravidez: conheça as causas e tratamento

Doença que coloca em risco a vida do bebê pode ser evitada e também tratada, segundo especialista

Contato com gatos e cães está entre os fatores de risco para a contaminação.


Entre os problemas que podem afetar uma mulher e seu bebê durante a gestação, um dos mais temidos é a toxoplasmose. A doença é transmitida a seres humanos e outros animais por meio das fezes do gato, quando estas estão contaminadas pelo protozoário transmissor, o toxoplasma gondii.

Segundo o ginecologista especialista em medicina reprodutiva Bruno Ramalho de Carvalho, as mulheres que desejam engravidar e as já grávidas que não tenham anticorpos contra a toxoplasmose devem tomar alguns cuidados para evitar o contágio

“As repercussões para o bebê podem ser extremamente sérias: perda gestacional espontânea, nascimento prematuro, morte neonatal ou sequelas graves, como problemas nos olhos e neurológicos, principalmente quando o contágio ocorre durante a primeira metade da gravidez”, explica. 

Causas da toxoplasmose na gravidez

Ramalho destaca que as principais causas da contaminação de gestantes é o contato com gatos ou cães que circulem em ambientes abertos, a manipulação de carnes cruas sem luvas e ou ingestão de carnes cruas ou mal passadas, ou de vegetais não cozidos, além da manipulação de terra contaminada.

“É importante deixar claro que não há preocupação com as mulheres que adquiriram o toxoplasma antes da gravidez, pois nos casos em que a mulher já apresentava a IgG reagente para toxoplasmose antes de engravidar, o risco de transmissão ao bebê é praticamente nulo”, explica.

Como evitar a toxoplasmose

De acordo com o especialista, é impossível eliminar completamente os riscos de se adquirir a toxoplasmose durante a gravidez, mas dá dicas importantes para se evitar a contaminação: 

1 – O contato com gatos, principalmente as fezes dos gatos, deve ser evitado. Para quem tem gatos, lavar as mãos logo após ter contato com os felinos é de fundamental importância para evitar o contágio. Deve-se manter o gato bem alimentado, mas jamais alimentando-o com carne crua, e é bom evitar que ele ande pelas ruas.

2 – Os cães também podem transmitir toxoplasmose ao sujarem o pelo na terra onde existam fezes de gato contaminadas. Por isso, deve-se evitar acariciar cães que circulem em ambientes abertos.

3 – Os cuidados com o lixo doméstico e os dejetos de animais de estimação evitarão a circulação de ratos e insetos, como moscas, baratas e formigas, que podem transportar o toxoplasma.

4 – Não se deve manipular carnes cruas sem luvas e ou ingerir carnes cruas ou malpassadas. Não havendo como evitar, recomenda-se lavar as mãos cuidadosamente logo em seguida, com o cuidado de não as levar à boca ou aos olhos antes disso. Esta recomendação vale para as carnes de boi, porco, carneiro, coelho etc., e de galinha. Os peixes estão excluídos desta recomendação, pois não são contaminados pelo toxoplasma.

5 – Os vegetais (verduras, legumes e frutas) devem ser muito bem lavados, principalmente se forem ser ingeridos crus. O que puder ser ingerido após cozimento, é melhor.

6 – Deve-se tomar o cuidado de ingerir apenas derivados do leite pasteurizados e água de procedência conhecida.

7 – A forma infectante do toxoplasma também pode estar na terra ou na água; por isso, a prática da jardinagem sem luvas ou atividades outras que envolvam manipulação de terra deve ser evitada. Aqui, novamente, quando não se pode evitar, deve-se lavar as mãos cuidadosamente logo em seguida, com o cuidado de não as levar à boca ou aos olhos antes disso.

Outros riscos para o bebê

Bruno Ramalho de Carvalho afirma que infecção do bebê no início da gravidez pode estar associada à perda gestacional ou a problemas graves para a criança. “Já no caso de infecção mais tardia do bebê, embora seja mais fácil de acontecer, geralmente leva a complicações menos importantes”, destaca. 

O especialista lembra ainda que para a gestante os riscos são pequenos, pois a toxoplasmose costuma passar despercebida em pessoas sadias. 

Tratamento

Assim como em todas as complicações que podem ocorrer durante a gravidez, as mulheres que adquiram a toxoplasmose durante este período, independentemente da época, devem ser tratadas até o fim da gestação, conforme explica Ramalho. 

“O tratamento é realizado com as drogas pirimetamina, sulfadiazina e espiramicina, em esquema definido pelo médico obstetra assistente. Como última recomendação, é importante que as mulheres que recebam o diagnóstico de infecção aguda pelo toxoplasma gondii esperem, no mínimo, seis meses para engravidar”, conclui.

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