Hipnose na medicina: técnica pode curar diversas doenças
Frequentemente associada à magia, a técnica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e pode curar diversos males

Cerceada por uma aura de misticismos, a hipnose vem ganhando os consultórios médicos como um procedimento sério, capaz de auxiliar no tratamento de diversos distúrbios. Desde gastrite até depressão.
"Quando se fala em hipnotismo, a maioria das pessoas logo pensa em magia ou poderes paranormais. No entanto, essa técnica é hoje usada na medicina, com excelentes resultados", explica o médico e cirurgião Leonard Verea, formado em Milão, na Itália, que aplica o método de hipnose dinâmica em São Paulo.
O Dr. Verea defende ainda que a hipnose é uma arte muito antiga, que permite o indivíduo de entrar em contato com o inconsciente de outra pessoa, desbloqueando os mecanismos de defesa. Por isso, sua ação mais eficaz é na cura de doenças de origem psicossomática
De bruxaria ao reconhecimento dos médicos
A Hipnose é uma técnica conhecida desde a antiguidade, dos egípcios aos romanos. Em diversos períodos, recebeu, preconceituosamente, o rótulo de bruxaria e magia negra. Foi reabilitada recentemente e, nos últimos 20 anos, vem sendo estudada seriamente.
"Aqui no Brasil, apesar de parte da comunidade científica ainda vê-la com resistência, a Hipnose é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e aplicada em hospitais, por exemplo, no combate à dor, beneficiando, entre outras, as vítimas de queimaduras graves, que além de enfrentarem melhor as dores, se recuperam mais rápido", explica o Dr. Verea, que também é psiquiatra, clínico geral, hipnoterapeuta e presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose Clínica e Dinâmica.
De acordo com o médico, a hipnose é um tratamento eficaz de diversos males, dentre os quais destacam-se:
- gastrite;
- úlcera;
- alergias;
- ansiedade;
- gagueira;
- fobias;
- depressão;
- problemas com drogas;
- dificuldades de relacionamento;
- todas as doenças de origem psicossomática;
- e até alcoolismo.
Como se faz a hipnose
Não é través de um pêndulo de um lado por outro, como costumamos ver em filmes, que faz com que a pessoa fique hipnotizada. Usa-se técnicas de relaxamento e de comunicação verbal para levar o paciente ao chamado transe, fase na qual os comandos cerebrais estarão nas mãos do inconsciente.
Mas também há o método de hipnose dinâmica, desenvolvido desde 1975 na Itália para fins terapêuticos. Nesta técnica, aplica-se a comunicação não-verbal. Isso inclui: postura, gestos, ruídos e toques que descarregam e provocam tensão.
"Quanto mais tensa a pessoa fica, mais fácil é hipnotizá-la. Os extremos – relaxamento e tensão – se aproximam. Além disso, pela hipnose dinâmica faço o indivíduo chegar à fase de indução em 3 a 4 minutos, enquanto o método tradicional leva de 20 a 30 minutos", explica o especialista.
Sessões de hipnose
A duração das sessões varia para cada caso. Primeiro o paciente passa algumas informações ao médico em estado consciente e depois, se comunica com ele sob indução hipnótica.
Essa indução pode ser feita de diversas formas. Seja concentrando-se em um objeto (caso do pêndulo), seja através de estímulos sonoros ou técnicas de respiração e relaxamento.
Durante a sessão, a pessoa fica hipnotizada o tempo que for necessário. E a qualquer momento o médico pode interromper o processo, pois cada paciente tem um nível de tolerância da mente.
"Não faço mágica ou milagres, apenas uma técnica médica. O importante é que a pessoa queira curar-se por meio da hipnose, pois ninguém pode ser hipnotizado se não quiser", reforça o Dr. Verea.
O tempo de tratamento também varia. Mas, segundo o especialista, dura o máximo alguns meses para chegar aos resultados que, a psicoterapia convencional costuma levar anos.