Odontofobia: saiba como lidar com crianças que têm medo de dentista
Segundo especialista, resistência pode estar ligada ao ambiente no qual a criança está inserida e é possível reverter

Ter medo de dentista é algo frequente entre as crianças e para algumas pessoas continua até mesmo na vida adulta. Mas para evitar problemas futuros quando for tratar da saúde bucal. é preciso compreender melhor o que pode levar ao desenvolvimento da chamada odontofobia na infância,
A psicóloga Marilane Resende explica que o medo é algo comum na infância, próprio das fases do desenvolvimento da criança. “Já sobre do que ela vai ter medo tem mais a ver com o ambiente onde ela vive, das pessoas com quem ela convive e, muitas vezes, do que é dito para ela, além das experiências que ela venha a ter. Isso é aprendido, é cultural”, diz Marilane.
De acordo com a especialista, o medo do dentista, ou mesmo do médico, pode estar também ligado ao tipo de procedimento que eles precisam fazer, os materiais e equipamentos usados, a disposição de móveis no ambiente e até a postura do profissional no trabalho. “Mas isso é quando a criança já foi e ali vivenciou algo que gerou o medo", completa a psicóloga.
Criando o medo de dentista
Segundo Marilane Resende, se a criança nunca ouviu falar de dentista ela vai sem saber o que irá encontrar lá. “Se tudo ocorre bem na consulta, não haverá medo algum. Claro, a postura do profissional tem um papel importantíssimo, pois a experiência neste primeiro momento ficará marcada para a criança”, afirma.
Quando a criança nunca teve contato com dentista, o medo pode ser influenciado pelo o que é dito para ela no ambiente em que ela vive. Às vezes o pai ou a mãe têm medo, ou não vão ao dentista com frequência.
"Não são raros os casos em que os pais fazem certo ‘terrorismo’, ameaçando com dizeres do tipo ‘se você descalço vai adoecer e tomar injeção lá no hospital’. Cria-se assim um monstro para a criança”, ressalta.
Já nos casos em que o medo de dentista venha a surgir após a consulta é preciso avaliar o que pode ter causado e tentar reverter através do diálogo com a criança.
“Após um tratamento que gera dor, por exemplo, é preciso que haja uma conversa franca com a criança onde se diga que o que ocorreu foi uma coisa de momento, que não é sempre assim, que agora será diferente, até que a criança consiga permitir que haja uma nova experiência”, afirma.
Evitando o medo
Não há dúvidas de que o melhor mesmo é se antecipar ao problema e evitar que ele venha a surgir. Os pais podem ir preparando sutilmente o terreno antes da primeira consulta.
“Se os pais precisam levar a criança ao dentista, eles podem ir primeiro, ainda que seja somente para fazer uma limpeza nos dentes, levando a criança para que ela veja que não há nada de mais. A tendência é de que ela copie a postura dos pais”, destaca a psicóloga.
Outra maneira de tornar menos problemática a ida ao dentista, segundo a especialista, é tentar encontrar um profissional com o qual a criança consiga estabelecer um vínculo. “Existem dentistas que são especializados no atendimento a crianças, o que pode tornar a consulta mais agradável”.
Em casos mais graves, nos quais a criança apresente medo não só do dentista, mas de diversas outras coisas, é necessário que um profissional de psicologia faça uma avaliação mais detalhada da criança pois pode se tratar de alguma patologia, como a depressão infantil, por exemplo.
“Nestes casos é preciso tratar o quanto antes, pois ela ainda está em fase de desenvolvimento psíquico e assim será possível evitar que isso se prolongue”, conclui. a psicóloga
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