Crianças e animais de estimação: dicas para uma convivência em harmonia
A Revista da Mulher ouviu especialistas e famílias que possuem animais de estimação para saber como criar um ambiente hormonioso entre pets e filhos
Quem ama bichos não tem dúvidas: os animais de estimação trazem muita alegria e boas energias para uma família. Pesquisar, conversar com veterinários e pediatras, olhar sites especializados em animais, são alguns dos passos recomendados por especialistas para garantir a perfeita convivência entre crianças e bichos. E para aproveitar os benefícios psicológicos que este convívio pode trazer.
“Crianças que crescem e convivem com animais acabam desenvolvendo amor, carinho, senso de compartilhamento e solidariedade. Sem contar que tendem a ficar menos tempo diante de computadores ou dispositivos eletrônicos, pois vão correr e passear com os bichos”, afirma Gabriel Ortiz, estudante de Medicina Veterinária e autor do blog Bicho de Apê, com dicas de como cuidar de animais domésticos.
Mas para que a adaptação ocorra de forma natural e positiva, o ideal é apresentar o animal para a criança – ou a criança para o animal – aos pouquinhos, até os dois se acostumarem com a presença um do outro.
Uma das preocupações mais evidentes dos pais é o ciúme que pode nascer entre bichos e crianças. “Pegue a criança e coloque perto do cachorrinho ou gatinho, mostre para ela como fazer carinho, explique e prove que o bichinho é um amigo e não um estranho. O ideal é que nenhum dos dois fique disputando atenção”, ensina Gabriel Ortiz.
+Viagem com crianças: mais prazer e menos estresse
Foi o que fez a empresária Claudia Rangel, mãe de Pedro e Maria Clara. Quando seu filho Pedro estava com quatro anos, a família ganhou um cão da raça labrador, ao qual deram o nome de Paçoca. Claudia então pesquisou na internet sobre a raça e orientava o filho sobre os cuidados necessários.
“Já quando Maria Clara chegou, o cão já estava em nossa casa. Assim que entrei com ela, dei o pezinho dela para ele cheirar. Sempre a levava ao jardim em meu colo e ficava ao lado dele o acarinhando. Nunca tivemos problemas", conta Claudia, que hoje tem dois filhos, um cão, quatro gatos e um peixe de aquário.
Os bichos entram para a família
A socióloga Marcela Filardis nunca pensou que um dia teria um bichinho de estimação e muito menos que ele iria se tornar parte integrante da família. Até ouvir uma conversa dos filhos, escolhendo os nomes do cachorrinho com o qual tanto sonhavam. Marcela então, sensibilizada, resolveu dar um cão de presente às crianças.
O cãozinho da raça westie highlander terrier, chamado Luke Skywalker, hoje é como um filho: "Já observei minha filha chateada, choramingando para o Luke o que tinha acontecido e ele, quietinho, deitado ao seu lado, ouvindo como se fosse um bom amigo", descreve Marcela.
Já o oficial do Exército Ronaldo Mariano tinha duas cadelinhas da raça shih-tzu, Bisteca e Doroty, quando sua filha Sophia, hoje com dois anos, nasceu. Ele conta que a pediatra nunca orientou a afastar a criança do convívio com os animais, apenas tomar alguns cuidados, principalmente quando a menina ainda era bebê.
Ronaldo e sua esposa, Lis, procuraram fazer os bichos irem se acostumando com a criança. E deu certo. Filha única, a pequena Sophia costuma referir-se às duas shi-tzus como suas irmãs. “Minha filha dá bronca nas cachorras e as elogia, imitando o que a gente faz com ela", conta o oficial do Exército.
Garantindo a saúde dos filhos
Quando o bicho é bem cuidado e tem todas as vacinas em dia, os riscos de infecção e contaminação são reduzidos. Embora pediatras não recomendem crianças compartilharem comida e nem cama com animais, se isso acontecer, nada de pânico.
“Meu filho já dividiu um picolé com o cachorro. Ele era pequeno e, quando vi, tarde demais. Monitorei, conversei com o pediatra e ele não teve nenhum problema de saúde”, conta a jornalista Simone Intrator.
Segundo o médico pediatra José Mataruna, é preciso tomar cuidados básicos de higiene, como ensinar às crianças a lavarem as mãos sempre após fazer carinhos nos bichinhos. “E caso o animal arranhe ou morda, se tiver com as vacinas em dia, basta lavar bem a área afetada e cuidar como um machucado”, recomenda Dr.Mataruna.
Como evitar mordidas e arranhões
Para o futuro médico veterinário Gabriel Ortiz, quando os animais têm um comportamento mais agressivo, é bom ficar de olho. Um adulto deve sempre acompanhar quando crianças e bichos estiverem brincando ou interagindo. É importante mostrar para criança como brincar com o bichinho, assim se evita uma reação de defesa do animal.
“Ensinei às crianças que devemos respeitar o bicho: se ele não quer colo, se não quer carinho na barriga, vamos soltá-lo. Dessa forma eles não nos arranharão e nem morderão. Essa é sua defesa, afinal, não sabem falar "me solta"", indica a empresária Claudia Rangel.
Para casos extremos, em que o animal acaba machucando a criança, o recomendado é contratar um profissional na área de comportamento animal antes de tomar qualquer atitude drástica, como abandoná-lo. Afinal, mesmo quando se trata de raças comumente consideradas ferozes, se uma adaptação adequada for realizada, as chances de uma convivência amorosa são grandes.
A funcionária publica Milena Nery de Sá é um exemplo. Quando engravidou de sua filha, Myleninha, hoje com 11 anos, já tinha um cachorro da raça pitbull, Tyson. E a chegada da criança fez Milena adquirir mais um cão da mesma raça, desta vez uma fêmea batizada de Kyra.
“O único problema que minha filha teve com meus pitbulls foi um caso de alergia, devidamente tratado pela pediatra. Minha filha, como toda criança normal, de vez em quando puxava a orelha e o rabo quando eu me descuidava e nunca foi mordida ou arranhada pelos animais”, conta Milena, reforçando a tese de que animais cuidados com amor não se tornam agressivos.
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