Escola construtivista: entenda como funciona este método de ensino inovador
A Revista da Mulher ouviu especialistas para saber qual é a proposta da escola construtivista e ajudar os pais na escolha do tipo de educação que querem dar aos filhos
A arte de educar as crianças é uma das maiores preocupações dos pais e não faltam métodos de ensino não-convencionais. Um deles é a escola construtivista, surgida no século XX, a partir, principalmente, das experiências dos filósofos e pensadores da educação Jean Piaget e Lev Vygotsky.
A premissa de uma escola construtivista é tratar o conhecimento como algo a ser construído na interação do aluno com o meio em que ele vive. O foco do aprendizado deixa de ser o conteúdo a ser ensinado e passa a ser quem aprende, no caso, o aluno.
Com duas filhas estudando em uma das escolas construtivistas mais conceituadas do Rio de Janeiro, a Olga Mitá, a professora e coordenadora pedagógica Danielle Cordeiro Figueiredo explica que na escola construtivista o professor tem o papel de mediador do conhecimento.
“O aprendizados é voltado para a reflexão crítica e auto avaliação. E se constrói através das experiências vividas entre professor, aluno e o objeto do estudo”, afirma a professora.
A escola construtivista na prática
Nas salas de aula, nada de mesas arrumadas simetricamente. As carteiras, em geral, são em círculos. Professores não ficam somente de frente para os alunos e muito menos no alto, em algum platô. A professora circula, ou dá aula com os alunos em círculo, e observa como cada um assimila o conteúdo e chega ao aprendizado.
Também há muitos trabalhos em dupla ou em trio. O aluno é permanentemente acompanhado e a avaliação, embora seja por notas, é entendida como um processo contínuo.
Na escola construtivista, avaliações por provas também existem, mas são sempre elaboradas pela própria professora da classe e têm um peso menor que no ensino tradicional.
Deferente do que se acredita, o conteúdo aprendido na sala de aula é sempre proposto pelo professor, não fica a critério da criança. "Normalmente, numa escola construtivista não há um aluno aprendendo matemática, enquanto outro apende português. A sala de aula é um espaço com regras de funcionamento e de convivência. O super liberalismo pedagógico é um dos mitos em torno da educação construtivista", explica pedagoga Leila Amaral.
Dificuldades do ensino construtivista
Os preceitos da escola construtivista podem esbarrar nas limitações do sistema educacional brasileiro. As diretrizes de que os alunos devam aprender um determinado conteúdo no período de um ano, e de que o aprendizado seja avaliado pelo sistema de notas, dificultam a abordagem da escola construtivista.
A solução pode ser a adaptação da teoria construtivista ao sistema de ensino convencional. É o que o Centro Brasileiro de Cursos (CEBRAC) procura fazer, diz o gestor de educação da instituição, Luciano Rudnik.
“O construtivismo serve de referência para a nossa proposta pedagógica, com o ensino centrado no aluno e em seu desenvolvimento. Mas nos centramos em outras abordagens também”, diz Rudnik.
Pais preparados para a escola construtivista
Muitos pais têm vontade de dar aos filhos uma edução mais abrangente e integrativa, mas no fundo almejam apenas que os filhos saiam da escola com o resultado numérico (de notas) padrão e sejam adultos absorvidos depois pelo mercado de trabalho. Embora alunos de escola construtivistas também tenham toda a base e condições de alcançarem objetivos semelhantes aos alunos de formação mais conservadora, o processo será completamente diferente.
Por isso é preciso ter atenção ao escolher a escola dos filhos. Pesquisa, visitas às escolas e conversas com pais de alunos que já estudam ou estudaram em escolas menos tradicionais são fundamentais.
“Esses pais não se adaptariam ao sistema educacional inovador e não teriam seus anseios atendidos pela escola construtivista. Na teoria é lindo, mas há pais que não se sentem seguros com esta abordagem de ensino”, afirma o gestor de educação do CEBRAC.
Para quem é a escola construtivista?
A escola construtivista atende bem aos pais que acreditam que o filho não seja apenas mais um, esquecido no meio de um processo padronizado e nivelado pela maioria. E deve-se, acima de tudo, realmente conhecer e acreditar na proposta da escola construtivista e não procurá-la por modismo.
“Uma escola construtivista prepara para a vida. O aluno se torna sujeito crítico, questionador. E os pais devem se perguntar se estão preparados para isso: para dialogar, para escutar. Não adianta colocar o filho em uma escola com essa proposta e em casa a família ter uma abordagem tradicional”, orienta a professora e pedagoga Danielle Cordeiro Figueiredo.
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