Síndrome do choque tóxico: usar absorvente íntimo pode causar a doença
Síndrome do choque tóxico pode surgir após o uso inadequado de absorvente interno, e causar sintomas como febre, insuficiência de vários órgãos e até levar à morte

O absorvente interno é considerado uma das opções mais higiênicas pelos médicos. Porém, o assunto é controverso. Recentemente, uma jovem morreu vítima de infecção após o uso do famoso absorvente e outra teve uma perna amputada. Os fatos despertaram um alerta sobre o tema. As duas mulheres foram diagnosticada com a síndrome do choque tóxico, uma doença rara, mas grave, causada por uma toxina bacteriana.
Segundo o Dr. Patrick Bellelis, ginecologista e obstetra, especialista em endometriose, a síndrome de choque tóxico é manifestada quase exclusivamente em mulheres e resulta de toxinas produzidas por dois tipos de bactérias: a Staphylococcus aureus e Estreptococos. Esta síndrome pode ocorrer quando a bactéria infecta o tecido (por exemplo, em uma ferida) ou surgir através de um absorvente interno introduzido na vagina.
Porém, o médico explica que ainda não se sabe exatamente por que os absorventes íntimos aumentam o risco dessa síndrome. Sabe-se, no entanto, que ficar com o mesmo absorvente interno por muito tempo favorece feridas no canal e aumenta os riscos desta síndrome.
É possível também que bactérias do meio ambiente sejam levadas ao interior da vagina pelo uso do absorvente interno, o que pode causar inflamações ou mesmo infecção urinária. Neste caso, o problema pode ser evitado com uma boa higiene, ou seja, lavando-se bem as mãos antes de manipular o produto e introduzi-lo assim que retirar a embalagem protetora.
Vale dizer que o uso dos absorventes internos não é a única forma de contaminação. Deixar um diafragma na vagina por mais de 24 horas, por exemplo, também aumenta o risco. A síndrome ainda pode ocorrer quando uma incisão cirúrgica se infectar ou após o parto, caso o útero esteja infectado. Pessoas saudáveis que tenham infecção de tecido por estreptococos, geralmente localizadas na pele, também podem contrair a síndrome.
Quais são os sintomas da síndrome do choque tóxico?
A síndrome compreende um grupo de sintomas graves e rapidamente progressivos que incluem febre, erupção cutânea, pressão arterial perigosamente baixa e insuficiência de vários órgãos. No entanto, Dr. Bellelis destaca que os sintomas e o prognóstico da síndrome de choque tóxico variam, dependendo de os causadores serem os estafilococos ou estreptococos.
Porém, algo não muda: os sintomas se manifestam subitamente e pioram rapidamente ao longo de poucos dias. A pressão arterial cai para níveis baixos e diversos órgãos como os rins, o fígado, o coração e os pulmões funcionam mal ou param de funcionar. Outros sintomas que podem aparecer são:
- febre alta,
- dor de garganta,
- olhos vermelhos,
- diarreia,
- dores musculares,
- erupção cutânea semelhante à queimadura de sol, que cobre todo o corpo, incluindo as palmas das mãos e solas dos pés, levando à descamação da pele.
Quando a causa está relacionada ao absorvente interno infectado por estafilococos, a síndrome pode retornar, geralmente dentro de 4 meses do primeiro episódio. A recidiva pode ocorrer mais de uma vez e cada episódio tende a ser mais leve.
A síndrome do choque tóxico é diagnosticada através da avaliação de um médico, exames de sangue de rotina, ressonância magnética ou tomografia para verificar o local de infecção.
Como tratar a síndrome do choque tóxico
Após o diagnóstico da doença, o ginecologista explica que a paciente faz uso de medicamentos via intravenosa e outros que aumentam a pressão arterial a níveis normais, além de antibióticos. Absorventes internos, diafragmas e outros objetos estranhos são removidos imediatamente da vagina e é realizada uma limpeza na área infectada.
Em casos mais graves, é indicado o uso de imunoglobulina (que pode neutralizar a toxina). Áreas que poderiam conter a bactéria, como feridas cirúrgicas e a vagina, são lavadas com água (irrigadas). Se as feridas estiverem infectadas, pode ser necessária cirurgia para limpá-las, para remover tecido infectado ou, às vezes, se a gangrena se desenvolver, remover um membro.
Se não tratada, a síndrome do choque tóxico pode evoluir para casos mais graves, podendo, inclusive, levar a paciente à morte.
Como prevenir o problema?
O ginecologista indica que as mulheres que usam absorventes internos devem tomar algumas medidas para prevenir a infecção:
- Usar a menor quantidade de absorventes internos necessária;
- Alternar o uso de absorventes internos e absorventes externos;
- Trocar os absorventes íntimos a cada 4 a 8 horas;
- Mulheres que já tiveram síndrome do choque tóxico não devem usar absorventes internos ou diafragmas.