Gases intestinais: como prevenir e tratar o incômodo
O excesso de gazes são causados pela aerofagia e por certos hábitos alimentares. Porém, o incômodo também pode ser sinal de uma doença mais grave
Os gases intestinais são formados pelo ar deglutido no momento da alimentação e pela ação das bactérias do cólon ou intestino grosso (flora do intestinal), através dos processos de fermentação e putrefação durante a digestão. Comum a todos os indivíduos, os gazes só se tornam um incômodo quando ocorrem em excesso.
O problema é causado comummente, de 70 a 80% dos casos, pela a deglutição exagerada do ar ambiente (aerofagia). Isso acontece principalmente com indivíduos que sofrem de ansiedade, falam ou discursam bastante, comem apressadamente, etc.
A alimentação também pode causar o incômodo. “A fermentação ou putrefação (não mais que 20% dos casos) aumentam muito de acordo com a dieta e com características pessoais de cada indivíduo”, explica Eduardo Berger, gastroenterologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo.
Uma alimentação desequilibrada e a falta de hábitos saudáveis também pode agravar o problema. “Uma dieta pobre em fibras pode provocar um mal funcionamento do intestino com a formação excessiva de gases. Além disso, o hábito de comer rápido, mastigar pouco, ingerir pouco líquido e a falta de atividade física também são fatores que influenciam no excesso de gases”, acrescenta Nilma Lucia Sampaio Ruffeil, gastroenterologista do Hospital Moriah, em São Paulo.
Fique atento aos sintomas
Os gases intestinais, em si, não são motivo de preocupação, mas se surgirem acompanhados de outros sintomas podem ser sinal de uma doença. Se, além do excesso de gazes, houver cólicas, desconforto ou distensão abdominal, alteração na consistência e coloração das fezes ou saída de muco ou sangue, um médico deverá ser consultado.
Esses sintomas podem estar relacionados a algumas doenças, como:
- intolerância a determinados tipos de alimentos,
- alteração na flora intestinal,
- Síndrome do Intestino Irritável,
- obstrução intestinal.
Para saber há algo errado, o especialista aconselha a observar a regularidade com que se vai ao banheiro, assim como o aspecto das fezes. "Quando normais, denota ausência total de importância nos gases intestinais em excesso. Quando uma alteração significativa for observada, a visita ao especialista é fundamental. Os gases são apenas sinais clínicos e devem ser analisados em conjunto com os sintomas já citados”, diz o gastroenterologista.
Dicas para prevenir
Em casos em que o incômodo decorre apenas do excesso de gazes, medidas simples podem evitar o problema. Tais como:
- manter uma boa alimentação,
- se alimentar em horários regulares,
- comer devagar e mastigar bem os alimentos.
- manter uma dieta rica em fibras,
- ingerir bom volume de água,
- praticar uma atividade física regular.
É possível ainda fazer uso de probióticos para equilibrar da flora intestinal, o que ajuda na redução dos gases. “Outro fator importante é a mudança de alguns hábitos, como evitar falar na hora da alimentação ou até mesmo mudar o hábito de respirar de boca aberta, no sentido de impedir que o ar seja ingerido”, ensina Rui Bocchino Macedo, clínico geral da Paraná Clínicas, em Curitiba.
Tratamento: cuidando da alimentação
A terapia para os gases intestinais deve ser feita de acordo com o diagnóstico. Portanto, nos casos simples, medidas comportamentais bastam, mas nem sempre são muito fáceis de adotar, como falar menos, comer e mastigar devagar, não se estressar, etc.
“Os cuidados alimentares são fundamentais, mas variam muito de uma pessoa para outra. Por isso, fica difícil estabelecer um padrão único para todos. Podemos dizer que o leite, o feijão e demais leguminosas, o açúcar (sacarose), muitas verduras cruas (brócolis, couve, etc) são mais produtoras de gases. As verduras cozidas, como escarola e espinafre, produzem menos gases”, ensina Berger.
O gastroenterologista completa que produtos farmacêuticos à base de simeticone ou dimeticone podem aliviar os sintomas, facilitando a expulsão dos gases intestinais.
Agora, quando há uma patologia causadora dos gases (doenças inflamatórias, parasitárias, tumorais, etc), o tratamento deverá ser especificamente indicado para a doença.