Aborto retido: dores pélvicas e sangramentos são alguns dos sintomas
Abortamento costuma acontecer da 6ª até a 14ª semana de gestação e pode necessitar de curetagem ou aspiração uterina

Sofrer um aborto não é algo fácil para a mulher. Além do trauma emocional, complicações também pode ocorrer. É o caso do aborto retido que, diferente do aborto espontâneo, quando o embrião é expelido pelo corpo, o feto, saco gestacional e outros materiais presentes dentro do útero não são liberados naturalmente pelo corpo.
“O aborto retido é um aborto que não está sendo eliminado, os restos ovulares continuam ali dentro e corre o risco de infectar”, explica Maria Rita Curty, ginecologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão.
É possível que o copo expulse sozinho o feto que ficou retido no intra-útero, porém, se após um mês, isso não ocorrer é preciso retirá-lo através de intervenção médica. O aborto retido, explica Maria Rita, costuma acontecer entre 6ª e 14ª semana de gestação. Depois desse período, os casos são raros.
As causas do aborto podem estar relacionadas à idade da mulher, defeitos cromossômicos do embrião, razões morfológicas - como má formação do útero - e inflamatórias, além da diabetes mal controlada, alterações da tireoide ou defeitos na coagulação sanguínea e imunológica. Tabagismo e doenças ginecológicas também podem ser fatores de risco.
Sintomas do aborto retido
Dores pélvicas, sangramento vaginal vermelho vivo ou amarronzado são alguns dos sintomas de aborto retido. Porém, apesar de o sangramento ser um dos indícios principais, não é sempre que a mulher apresenta este sintoma.
Segundo Maria Rita, o abortamento retido pode ser assintomático, ou seja, não ter sintomas. Por isso, o ideal é realizar todos os exames do pré-natal, inclusive o ultrassom transvaginal - feito no início da gravidez - que pode detectar o problema.
Após o diagnóstico positivo, é necessário fazer alguns exames. O exame de coagulograma e exame de ultrassom seriado, por exemplo, devem ser feitos semanalmente até que o exame de gravidez dê negativo.
É preciso fazer curetagem?
Nem sempre. Após o diagnóstico, a ginecologista explica que é possível tentar eliminar o aborto retido com a ajuda de uma medicação à base de ocitocina. O hormônio ajuda na contração do útero e pode provocar a liberação dos restos ovulares.
Caso o tratamento não funcione e, quatro semanas depois do diagnóstico, o feto ainda não tenha sido expelido, Maria Rita explica que é indispensável que a paciente seja internada para que seja feita curetagem ou uma aspiração manual uterina.
Após o procedimento, parte do material é analisado por um patologista que tentará determinar a causa do aborto. “A maioria dos abortos é má formação cromossômica incompatível com a vida”, sugere a ginecologista.
Riscos
O atraso no diagnóstico e no tratamento do aborto retido pode aumentar os riscos de infecção, sangramentos, desenvolver sensibilidade do sistema Rh, infertilidade por lesão da trompa de Falópio, prejudicando outra futura gestação. Por isso, é importante fazer o acompanhamento médico.
Caso seja necessário fazer a curetagem, Maria Rita alerta para o risco de sinéquia uterina, uma aderência intra-útero. “Depois que o útero é raspado, as paredes podem ficar coladas umas nas outras. Essas aderências podem dificultar a mulher de engravidar novamente, porque está tudo aderido ali e o feto não consegue se implantar”, alerta. Outro risco da curetagem é a possibilidade de ocorrer uma perfuração uterina.
Sofrer um aborto, no entanto, não é algo fora da normalidade. “Porém, a partir do momento que a gestante sofre dois ou mais abortos, é preciso investigar algumas deficiências de enzimas, colágenos, proteínas, coagulograma, e checar se não existe algum problema com a gestante”. Para concluir, Maria Rita destaca a importância das mulheres fazerem exames ultrassonográficos a partir da 6ª semana de gestação e sempre ter acompanhamento médico.