Todas as informações sobre a gagueira infantil
A gagueira infantil é uma alteração no ritmo da fala que pode ser temporária, intermitente, ou permanente

Popularmente chamada de gagueira infantil, a disfluência é uma alteração no ritmo normal da fala. Normalmente, a gagueira infantil aparece entre os 2 e 3 anos de idade da criança. O quadro se caracteriza por repetição de sons, sílabas, palavras, prolongamentos ou até um bloqueio total da linguagem.
“Tudo isso pode estar associado a movimentos corporais e faciais involuntários (os famosos ‘tiques’)”, explica Lílian Kuhn, fonoaudióloga da Fono&Com, em São Paulo.
E o problema pode ser uma alteração temporária e intermitente, muito comum durante essa etapa do processo de desenvolvimento de linguagem. Ou ainda, pode ser um quadro permanente, ou seja, o distúrbio de linguagem propriamente dito.
As causas da gagueira infantil
Nas últimas décadas, a ciência tem avançado muito no que diz respeito às causas da gagueira infantil. O que é importante lembrar é que a causa não é emocional, nem insegurança, ou timidez do pequeno, muito menos culpa dos pais.
"Acredita-se que algumas crianças já trazem em seu código genético a tendência para gaguejar e são estas que não têm recuperação espontânea, persistem desenvolvendo gagueira e tornando-a crônica”, aponta Priscila Carla dos Santos, fonoaudióloga do Prontobaby - Hospital da Criança, no Rio de Janeiro.
Porém, esta característica genética não é necessariamente hereditária, já que apenas parte dos gagos têm parentes que gaguejam. Por isso, é importante que os pais procurem um fonoaudiólogo se a gagueira infantil persistir e se a criança mostrar reações emocionais relacionadas com a disfluência.
É hora de tratar
Para tentar acabar ou diminuir os episódios de gagueira infantil, é recomendado o acompanhamento periódico com um fonoaudiólogo, que traçará estratégias específicas para cada caso, com o objetivo de propiciar suavidade e continuidade da fluência da fala. E de acordo com Tamires Soares Moreira, fonoaudióloga infantil, de São Paulo, não há tratamento medicamentoso.
“Dependendo do grau de gravidade da gagueira infantil e da causa da mesma, a criança pode desenvolver fluência normal após o tratamento, ou diminuir significativamente a presença de perturbações na fala. A reincidência da gagueira depende de cada caso, não sendo possível afirmar se o problema pode ou não voltar”, acrescenta.
Além disso, algumas técnicas de respiração e conscientização corporais podem ser utilizadas. “Grande parte do tratamento é focado na mudança do ambiente em que a criança está inserida, com orientações a pais, professores e familiares”, conta Lilian.
O resultado
E para os pais que se preocupam se a gagueira infantil tem cura ou não, é bom saber que em crianças pequenas, quando é um quadro de disfluência típica do desenvolvimento do bebê, o problema desaparece.
Nos quadros de distúrbio da fluência, haverá a diminuição (parcial ou total) dos sintomas, mas, por não haver cura, ela pode reaparecer em outros momentos da vida.
"O acompanhamento com fonoaudiólogo com experiência em fluência é imprescindível para auxiliar o sujeito que gagueja e sua família no estabelecimento de estratégias para a vida diária que prolongarão os efeitos da terapia e diminuirão as chances do quadro voltar”, alerta Lilian.
Faça em casa
Mesmo com o acompanhamento de um profissional, é interessante seguir alguns passos dentro de casa e no convívio com a criança, a fim de reduzir a gagueira infantil. Confira algumas atitudes a serem feitas com os pequenos:
- não ria, faça piada ou ridicularize a criança. Lembre-se: essas atitudes trarão consequências emocionais pra ela;
- não peça calma. Sugira que ela pense ou respire antes de falar. A gagueira é involuntária, então pedir que a criança mantenha o controle não adianta;
- fale sobre o assunto com carinho e ofereça ajuda sempre;
- quando a criança estiver contando um fato, demonstre interesse, olhe nos olhos dela e preste atenção ao conteúdo da fala (e não aos episódios de gagueira);
- os pais devem ser modelo de fala para seu filho: fale de forma suave, tranquila e em um ritmo mais lento, mas sem perder a naturalidade da fala;
- espere a criança terminar de falar e evite responder imediatamente. Aguarde alguns segundos antes de responder;
- cante músicas infantis, recite poesias, ou conte histórias para a criança, articulando bem os sons e com uma boa entonação, sempre de forma suave e devagar.