Como lidar com os defeitos do namorado?
A busca pela perfeição do parceiro pode atrapalhar a felicidade conjugal. Entenda o porquê
A insatisfação humana atinge os mais diversos aspectos da vida. No plano emocional, é comum já estarmos almejando um degrau acima, quando mal acabamos de realizar uma conquista amorosa. Quando se está sozinho, por exemplo, queremos um relacionamento. Quando temos um relacionamento, não é difícil nos queixarmos dos defeitos do par.
Mas na opinião de especialistas, em vez de ficar olhando no outro aquelas características que não correspondem à expectativa, o exercício para se tornar um casal feliz deve ser outro: olhar para si mesmo. Assim, será possível perceber que talvez o companheiro ou a companheira esteja aturado seus defeitos numa boa.
"A teoria do espelho funciona muito bem para este tipo de situação. Colocar-se no lugar do outro é a chave para colher aquilo que se espera de uma relação, já que, tendo feito bons plantios, a colheita é satisfatória", ensina Cátia Damasceno, especialista em sexualidade feminina e criadora do programa Mulheres Bem Resolvidas.
Ofereça ao companheiro o que você espera dele
Cátia Damasceno têm uma teoria interessante para ilustrar a situação de quando os defeitos do outro se tornam fonte de brigas diárias. A especialista defende que relacionamento amoroso não é "alguém", não é um terceiro indivíduo criado pelo casal.
Na verdade, relacionamento é troca entre os indivíduos que se amam, buscando aperfeiçoar a convivência e através do diálogo sobre expectativas um do outro em relação ao parceiro.
"Portanto, se você está passando por dificuldades no seu relacionamento, e a distância entre vocês parece não poder ser contornada, olhe para si, sua postura e atitudes e avalie se você está oferecendo ao seu parceiro a cumplicidade e companheirismo de que está sentindo falta", reforça Cátia.
O inferno não são os outros
Quem nunca conheceu alguém que não para de reclamar de seu companheiro ou companheira? E mesmo assim segue adiante com o relacionamento amoroso? Essas pessoas, em geral, são aquelas que, quando questionadas por que continuam a viver naquele inferno, respondem "mas ninguém é perfeito, trocar de marido (ou mulher) seria trocar apenas o nome do problema".
Mas, de acordo com especialistas, o aparente conformismo disfarça uma natureza psíquica que impede de enxergar a si mesmo. O outro sempre torna-se o responsável pela suas angústias e insatisfações. Terceirizar as responsabilidades, atribuindo ao outro os problemas pessoais, é uma neurose comum. Principalmente entre os casais.
"Quando Sartre (o filósofo francês Jean-Paul Sartre) escreveu O Inferno são os Outros dele criticou essa necessidade humana de apontar defeitos. E deu base para a psicanálise cuidar destes casos. O inferno está dentro de cada um, mas é mais fácil atribuir ao outro", explica a psicóloga Isabela Rosa.
As especialistas reforçam que nada mais promissor para um relacionamento do que o autoconhecimento dos pares. Para não protagonizar eternas brigas de casal, nas quais se pontam os defeitos do outro, a busca por conhecer-se é o caminho para a felicidade conjugal.