Entenda o que é puberdade precoce e saiba identificar os sinais
A puberdade é considera precoce quando as mundaças no corpo das crianças acontecem antes dos 8 anos

Segundo dados de um estudo publicado na revista norte-americana Pediatrics, o desenvolvimento mamário das meninas, que é um dos primeiros sinais da puberdade feminina, está acontecendo mais cedo, entre 8,8 ou 9,7 anos de idade, enquanto há duas décadas se dava a partir dos 10.
Apesar desta mudança, a puberdade só é considerada precoce quando as alterações físicas acontecem ainda mais cedo, antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos.
“Há um tempo médio para o desenvolvimento do corpo das crianças, que pode variar de acordo com a etnia. Quando acontece de maneira antecipada, ele foge deste padrão e pode impactar na vida dos meninos e meninas”, afirma o pediatra Anderson da Silva Coutinho.
De acordo com o especialista, apesar de ser mais fácil de diagnosticar nas meninas, pode ocorrer também com os meninos. “Muitas vezes passa despercebida nos garotos por se tratar de sinais bem mais sutis, enquanto nas meninas são mais visíveis, principalmente pelo crescimento das mamas e chegada da menarca (primeira menstruação)”, destaca.
Como acontece a puberdade precoce?
Coutinho explica que tudo pode começar por causa de alterações nas chamadas glândulas sexuais (ou gônadas, que são os ovários das meninas e os testículos dos meninos), ou na hipófise, glândula localizada no cérebro responsável pela regulação de várias funções do corpo.
A causa mais comum é a alteração na hipófise. Uma em cada 5 mil crianças tem identificada a puberdade precoce central (forma clássica, chamada de ‘verdadeira’), sendo 80% dos casos.
“Trata-se da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, a partir da liberação do hormônio GnRh. Com isso, a hipófise produz e libera os hormônios luteinizante (LH) e o folículo-estimulante (FSH). São eles que levam os ovários a produzirem o estrogênio e os testículos a testosterona”, explica.
Os demais casos (20%) ocorrem pela alteração nas glândulas sexuais e são chamados de puberdade precoce periférica. “Aqui a liberação dos hormônios sexuais acontece sem que o descrito anteriormente ocorra, mas geralmente é em decorrência de tumores nos ovários ou testículos, cistos ovarianos, hiperplasia adrenal congênita, que é uma disfunção na glândula adrenal, bem como a síndrome de McCune Albright, e o hipotireoidismo”, ressalta.
Como identificar os sinais?
Nas meninas é mais fácil identificar, como já foi dito anteriormente, mas a menstruação não é o primeiro sinal. “A puberdade precoce pode ser identificada nas garotas inicialmente pelo surgimento do broto mamário, que é o começo do crescimento dos seios. Passados seis meses, pode ser identificado o aparecimento de pelos pubianos e nas axilas, para depois vir a primeira menstruação”, destaca Coutinho.
Já no caso dos meninos, um aumento no volume dos testículos antes dos 9 anos é o primeiro sinal de puberdade precoce, mas acontece que raramente os pais percebem. “Somente com o surgimento dos primeiros pelos no púbis, barba ou axilas podem levar os pais a suspeitarem e procurar um especialista”, afirma.
Como lidar?
De acordo com o pediatra, quando os pelos pubianos começam a aparecer antes de completados 8 anos nas meninas os pais devem procurar um especialista. “É preciso avaliar o que está causando esta mudança, sendo possível pausar o processo antes da menstruação com o tratamento mais adequado para cada caso”, reforça.
A maneira mais adequada de se tratar a puberdade precoce feminina é inibindo o hormônio GnRH por meio de medicamento. “Aproximadamente 90% dos casos de puberdade precoce em meninas são considerados idiopáticos, o que significa que não possuem uma origem determinada” explica o especialista.
Em relação aos meninos é preciso ficar atento. “Dados do Ministério da Saúde apontam que dois terços dos casos podem estar associados a alterações neurológicas, sendo que aproximadamente metade deles é provocada pela existência de tumores”, alerta Coutinho.
“Cabe aos pais ficarem atentos às mudanças que ocorrem no corpo dos filhos e buscar ajuda de um especialista sempre que notar algo que pode estar fora dos padrões. Todo diagnóstico feito precocemente ajuda a encontrar o melhor tratamento”, conclui.
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