Dieta vegana: estilo de vida sem carne repudia qualquer tipo de exploração animal
Ser vegan não se restringe apenas à mudanças no cardápio. Este estilo de vida também abre mão de cosméticos, produtos de limpeza ou vestuário que tenham usado testes em animais durante sua fabricação
Quem decide se tornar vegetariano, se depara com outras vertentes da alimentação sem carne. Um exemplo é o veganismo (ou vegan), que não permite o consumo de nenhum tipo de derivado animal, como ovo ou laticínios.
Mas o veganismo está muito longe de ser definido apenas pelo cardápio. Criado em 1944, o termo vegan caracteriza um estilo de vida baseado em não explorar os animais, restringindo o uso de cosméticos, produtos de limpeza, vestuário, entretenimento, entre outros que tenham usado animais em testes durante sua fabricação.
De acordo com a nutricionista Ana Ceregatti, na alimentação vegana não há o consumo de todos os tipos de carnes, ovos, laticínios, mel e corantes que são produzidos através de uso de componentes animais. Sendo assim, o cardápio dos veganos prioriza cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e até os populares alimentos industrializados vegan, que cada dia mais tem ganhado espaço nas prateleiras dos supermercados.
Os prós e contras do veganismo
Entre os benefícios do veganismo, Ana Ceregatti destaca vantagens parecidas àquelas que já são proporcionadas pelo vegetarianismo. “Quando comparamos os veganos ou vegetarianos aos onívoros [quem consume carne], notamos que o primeiro grupo têm uma saúde melhor e possui menos incidência de doenças cardiovasculares", explica.
Ainda segundo a especialista, também há uma incidência menor de colesterol ruim, obesidade, diabetes, câncer, hipertensão e doenças crônicas. Quando questionada sobre os riscos da dieta vegana, a nutricionista é enfática: "não há risco algum. São todos mitos".
Segundo ela, um dos riscos que mais que se ouve falar é sobre a carência de proteína. “Não falta proteína na dieta vegana. Todos os aminoácidos necessários para um bom desenvolvimento do organismo são encontrados no reino vegetal ”, esclarece.
A carência de ferro também é outro mito. “O que mais dita essa carência é a perda de ferro e o consumo inadequado das fontes ricas neste mineral. As carnes não são os melhores alimentos fontes. Elas são apenas mais um alimento fonte de ferro”, explica a especialista.
E a vitamina B12?
Outra polêmica da dieta vegana e vegetariana envolve a carência de uma vitamina que só é encontrada nas proteínas de origem animal: a B12. Segundo Ana, estudos comprovam que a carência desta vitamina também ocorre quando o organismo não consegue metabolizá-la, e não somente quando ela para de ser consumida.
Por isso, tanto os veganos quanto os onívoros podem desenvolver a insuficiência de B12. A dica da nutricionista é que, antes de suplementá-la, identifique-se o motivo da carência. Esta deficiência pode ser diagnosticada por meio de exames de sangue.
Segundo a nutricionista, uma medida bem inteligente de quem pretende se tornar vegano é procurar um profissional e fazer uma bateria de exames para identificar seu estado nutricional. “Às vezes essa pessoa já esta com carência. Se isso acontecer depois da transição, vão culpar o veganismo, sendo que ela já poderia estar com uma carência anteriormente que não foi identificada”, explica.
Dicas importantes para quem quer ser vegan
- Segundo Ana Ceregatti, o consumo de proteínas em uma dieta vegana é dada pelo grupo das leguminosas, o qual estão presentes todos os feijões, grão de bico, lentilha, ervilha seca e soja. Estes alimentos vão equilibrar a quantidade de proteínas e não deve faltar na alimentação vegana;
- Para quem está acostumado a sempre ter uma "mistura" no prato, vale a pena investir em hambúrgueres veganos, como o hamburguer vegetariano, de arroz integral com beterraba ou de cogumelos com cevada. Eles são fáceis de fazer e podem ser congelados;
- Diferente do que muitos pensam, não é caro ser vegano. "Se você pensar que a carne é o item mais caro do cardápio, um almoço contendo arroz, feijão, legume e verdura ficará muito mais barato!", sugere a nutricionista;
- Invista em alimentos ricos em cálcio, como os vegetais verdes escuros, amêndoa, gergelim e até leites vegetais enriquecidos com cálcio. "É possível fazer um queijo em casa, a partir de castanhas. Ele não vai ter um teor alto de cálcio, mas fica uma delícia", indica;
- Não vale a pena investir em produtos industrializados veganos. “No mercado só tem porcaria, alimentos feitos para atender uma necessidade gastronômica. Aqui vai um alerta: todos os benefícios de saúde do veganismo só valem quando a dieta é bem planejada", diz. "O que eu percebo como nutricionista é que as pessoas estão começando a comer fast food veganos e estão perdendo o benefício de saúde. Em breve, eles estarão tão doentes quanto os onívoros, e aí não vai mais ter argumento de que o vegetarianismo faz bem para a saúde", finaliza a especialista.
Copyright foto: iStock