Vacinação infantil: pais ainda ficam inseguros sobre a imunização dos filhos
Livro reúne orientações esclarecedoras a respeito dos mitos e verdades em torno da vacinação infantil

O bebê nasce e os pais imediatamente são tomadas por um forte senso de responsabilidade. Aqueles ser tão frágil e dependente vai demandar inúmeros cuidados. Sejam mães de primeira viagem ou pais experientes, não importa: o medo de não acertar acaba pairando no ar.
Entre as preocupações mais comuns dos pais de recém-nascidos encontra-se a obrigação de seguir sem erro o calendário de vacinação infantil. Não por acaso, é frequente ouvirmos que o bebê ainda não pode sair de casa porque não tomou todas as vacinas.
Os tipos de imunização disponíveis pelo sistema público de saúde evoluíram ao longo do tempo. No primeiro calendário de vacinação infantil brasileiro havia seis vacinas que protegiam contra sete doenças (do ano de 1968). Hoje, são 13 vacinas que protegem contra 18 doenças.
Imunização mais eficaz
Segundo especialistas, o calendário atual de vacinação infantil do país denota uma evolução no processo de imunização das crianças. "No século passado havia uma alta taxa de morbimortalidade por doenças preveníveis. Atualmente, estudos demonstram que a vacinação combinada, ou seja, mais de uma vacina no mesmo dia, oferece uma resposta imunológica melhor", explica Maria Cristina Martins Alvarenga.
Segundo Maria Cristina, esse novo sistema de vacinação infantil, com mais doses e tomadas simultaneamente é mais eficaz. "Por que não oferece riscos de eventos adversos e ainda facilita a ida dos pais aos centro de saúde, uma vez que não há necessidade de irem várias vezes levar a criança para vacinar", diz a especialista.
Para a especialista em saúde pública e vacinação, a cobertura oferecida pelo Ministério da Saúde é excelente. "No caso dos bebês, apenas as vacinas meningocócica B e meningocócica ACWY não são oferecidas na rede pública. Afora isso, existe uma ampla cobertura para o público adulto, principalmente gestantes e idosos", diz a enfermeira.
Livro esclarece mitos e verdades da vacinação infantil
Responsável desde 1992 por diversas campanhas de vacinação, Maria Cristina Alvarenga vivenciou uma série de situações nas quais percebeu um receio dos pais e cuidadores a respeito da vacinação infantil. As dúvidas em torno das vacinas são tamanhas que a enfermeira decidiu reunir alguns esclarecimentos em um livro.
Em Como criar filhos sem medos: um guia para mães, pais, cuidadores e profissionais de vacinação (Editora Hyria) Maria Cristina Martins Alvarenga trata de alguns mitos e verdades sobre a vacinação e o procedimento de vacinação, em si.
A publicação esclarece desde dúvidas simples, como se profissional que administra a vacina deve ou não usar luva ou se os frascos multidose precisam ser abertos na frente dos pais, até questões complexas, como a associação entre o autismo e a vacina tríplice viral, considerada por muitos como a mais grave fraude da área médica.
Principais mitos e verdades sobre vacinação infantil
Veja três mitos sobre vacinação infantil que são esclarecidos no livro de Maria Cristina Martins de Alvarenga.
1) A luva é uma das primeiras indagações dos pais. “Mas você não vai usar luva?” A luva é um equipamento de proteção individual (EPI) para o profissional de saúde e deixou de ser usada no procedimento de vacinação há alguns anos, pois a luva não protege contra perfurações com agulha, apesar de proteger do contato com secreções e sangue. Ocorre que o procedimento de vacinação não expõe o profissional a essa situação. Dessa forma, a lavagem adequada das mãos é suficiente para o atendimento de bebês e crianças com segurança e higiene.
2) Insegurança com frascos não lacrados. “O frasco de vacina não estava lacrado quando a enfermeira começou a preparar a vacina”. Em campanhas de vacinação ou em unidades de saúde com grande fluxo de pacientes, são utilizados frascos multidoses, que contêm mais de uma dose de vacina, ou seja, um frasco contém geralmente 10 doses. Depois de aberto, o frasco é conservado em câmara de vacina (entre 2°C e 8°C) e pode ser usado horas e até dias depois, o que depende do laboratório produtor e do tipo de vacina.
3) A tríplice vacina causa autismo. No livro Maria Cristina conta como uma falsa pesquisa associou a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo e foi publicada em 1998, por uma das mais conceituadas revistas científicas da área médica, a The Lancet. Os autores do estudo foram o médico e pesquisador inglês, Andrew Wakefield e mais 12 colaboradores. Alguns anos depois, ficou comprovado que o estudo publicado era uma fraude.
Sem medo da vacinação infantil
Em Como criar filhos sem medos: um guia para mães, pais, cuidadores e profissionais de vacinação, Maria Cristina deixa claro que ter dúvidas em torno da vacinação infantil é perfeitamente normal, mas ter calma e transmitir essa sensação aos pequenos é essencial.
"O momento da vacina não precisa se tornar um evento horripilante. Os pais trem dúvidas é perfeitamente normal, mas ter calma e transmitir essa sensação aos pequenos é essencial", ressalta a autora.
A enfermeira reconhece que o processo de vacinação infantil é, muitas vezes, difícil de comunicar aos pais - ou tranquiliza-los a respeito sobre suas principais dúvidas. No entanto, nunca a recomendação é que devem deixar de vacinar os filhos e sim que busquem esclarecimentos com médicos e especialistas.
"Nenhuma vacina é 100% segura, no entanto, o risco de eventos adversos é mínimo perto dos benefícios da vacinação", conclui a especialista em vacinação.
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