Você já falou sobre dinheiro com o seu filho?

Especialistas explicam a importância da educação financeira pessoal para as crianças 

O cofrinho é sempre bom para começar a educação financeira pessoal com as crianças.


Quando se tem filhos, o desequilíbrio financeiro pode tornar-se um fantasma que assombra. Não somente pelos gastos essenciais, mas também pela vontade de dar o melhor aos filhos, muitas vezes traduzida em presentes caros às crianças. Mas especialistas garantem que a educação financeira pessoal das famílias é fundamental para os pequenos aprenderem a lidar com o dinheiro desde cedo. 

"O maior desafio e reflexão para os pais é estabelecerem os limites dessa relação financeira e afetiva com seus filhos. Esse equilíbrio é fundamental para que a criança torne-se um adulto organizado e capaz de manter as finanças organizadas, independente do tamanho de seu orçamento", ressalta Gilberto Braga, professor de finanças do IBMEC do Rio de Janeiro e especialista em finanças pessoais.

Mas, afinal, como é possível fazer as crianças lidarem com a realidade, quando estão justamente na fase em que os sonhos predominam? Não é difícil ouvir em lojas de brinquedo ou supermercados as crianças pedindo o tempo todo aos adultos que as acompanham, com frases como: 'eu quero, pai!' ou 'mãe, compra pra mim?'.

Educação financeira pessoal brincando

Na visão de especialistas, brinquedos, roupas e guloseimas chamam a atenção dos pequenos, não tem jeito. E, portanto, é preciso jogo de cintura para contornar a situação. Dinheiro pode ser até assunto dos adultos, mas quanto mais cedo as crianças aprenderem a lidar com ele, mais tranquilo poderá ser o futuro delas. 

Na prática, a cultura da educação financeira pessoal deve começar em casa. Algumas escolas também já ensinam noções básicas de finanças aos alunos. Mas os pais devem ter paciência e falar de dinheiro com os filhos e tentar despertar o interesse das crianças pelo assunto. 

E nada como a forma lúdica para chamar a atenção dos pequenos. Brincadeiras infantis são as armas dos pais no desenvolvimento da educação financeira pessoal das crianças. E o bom e velho cofre de porquinho é ainda uma das soluções mais eficazes, segundo especialistas.

“De moedinha em moedinha é possível comprar uma boneca, uma bola ou um passeio. Dessa forma, os pequenos vão aprendendo a importância de poupar. O mesmo se aplica para os adultos”, explica o gerente da Unicred Blumenau, André Luis Faria.

A indústria de brinquedos também avançou e já oferece alguns produtos direcionados às crianças, a fim de desenvolver nelas a noção sobre o valor do dinheiro e planejamento. Além do famoso cofrinho, brinquedos como o O Mini Market e a Lanchonete Completa, da marca Calesita Brinquedos, ajudam os pequenos a criarem uma percepção sobre a importância do dinheiro em tarefas simples do dia a dia, como a ida ao supermercado ou a um restaurante. 

“De forma divertida, os brinquedos trazem lições da vida real para o mundo lúdico. Eles estimulam o planejamento, a disciplina e podem, ainda, instigar uma profissão no futuro, envolvendo sempre a brincadeira entre pais e filhos”, complementa o gerente da Unicred.

Poupança para crianças ajuda na educação financeira

Mas não somente brincando se aprende a lição. Pais que começam desde cedo a se preocuparem com a saúde financeira dos seus filhos podem ajudar muito as crianças a terem noção da relação entre o o imediatismo - como comprar guloseimas e brinquedos por impulso - e os sonhos no futuro.

Foi o que fez a funcionária pública Claudia Silvestre. Ela fez um plano de previdência privada para as duas filhas assim que elas nasceram. Hoje as meninas estão com 9 e 11 e a mãe continua a depositar R$ 30 mensais para cada uma. 

"Não acho que seja um valor tão alto R$ 60 por mês. E ainda uso essa poupança como uma ferramenta de educação financeira pessoal com minhas filhas. Quando elas me pedem alguma coisa cara, eu logo digo: 'não, se não a mamãe não terá dinheiro para botar na poupança de vocês e aí, quando forem gente grande, não poderão comprar aquela casa enorme com um monte de cachorros'. Elas costumam aceitar", ensina Claudia.

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