Reposição hormonal: saiba mais sobre o tratamento que gera controvérsias

Terapia usada para amenizar os sintomas da menopausa, a reposição hormonal deve ser usada com cautela ou substituída por métodos naturais

Reposição hormonal traz riscos que não compensariam os benefícios.


Utilizada como tratamento para combater os desconfortos do climatério (fase, em geral, com duração de um ano antes da menopausa), a reposição hormonal  está longe de ser uma unanimidade no que tange à relação benefícios versus efeitos colaterais.  

Segundo o Dicionário de Medicina Natural (Editora Reader's Digest) a terapia de reposição hormonal pode até fazer uma enorme diferença para as mulheres que suportam com dificuldades os sintomas da menopausa, mas mesmo os médicos que aprovam o tratamento concordam sobre os riscos envolvidos na terapêutica. 

Entre os quais, os mais apontados pelos estudos clínicos são:
  • risco ligeiramente maior de adquirir algum tipo de câncer;
  • inconveniente de continuar a ocorrer uma leve hemorragia todos os meses, semelhante ao período menstrual normal mas tem uma produção de óvulos todos os meses.
Apesar de apresentar eficácia em amenizar sintomas como secura vaginal ou os famosos fogachos, os riscos à saúdeapontados em estudos clínicos, desencorajam médicos e pacientes na hora de optar pela reposição hormonal.

Reposição hormonal como elixir da juventude 

Os problemas causados pela fase do climatério são consequência da diminuição do hormônio estrogênio. Há alterações físicas e mentais nas mulheres nesta fase e a principal delas costuma ser a ‘constatação’ do envelhecimento corporal, que pode também afetar o lado psicológico. 

A falta de habilidade em lidar com o envelhecimento, a baixa autoestima que vem com as marcas do tempo e tentativa de manter a juventude são, na opinião de especialistas, o que leva grande parte das brasileiras a procurarem a reposição hormonal.

“Como sabemos, nossa sociedade ainda valoriza demais o estigma da juventude eterna e as mulheres acabam buscando a terapia a fim de retardar o envelhecimento. Mas lançar mão da reposição hormonal seria retroceder a mulher ao período anterior de forma artificial, impedindo que o fluxo divino e saudável da vida ocorra com as vivências próprias desse momento”, reitera o médico ginecologista Marino Pravatto Júnior. 

O médico alerta também que a reposição hormonal tem como consequência o aumento dos índices de doenças uterinas e mamárias. “Isso ficou demonstrado em um importante estudo científico britânico em 2004. Portanto, deve ser feito com muito critério e somente quando necessário”, explica o Dr. Pravatto Júnior.

Como é feita a reposição hormonal

Na prática, a reposição hormonal nada mais é do que a substituição por fármacos dos hormônios que não são mais produzidos pelo corpo. As mulheres submetidas a este tipo  de tratamento, em geral, tomam comprimidos do hormônio durante três semanas, com intervalo de uma e reiniciando o processo quatro vezes – o que leva aproximadamente seis meses.

Atualmente também existem os patchs – adesivos colocados sobre a pele e que soltam pequenas doses de hormônio durante o período de tratamento de reposição hormonal. Os efeitos adversos costumam ser diarreia e sangramentos. Caso apareçam, as mulheres precisam informar ineditamente ao médico, que vai avaliar a continuidade ou não do tratamento.

Reposição hormonal contra osteoporose

Tirando a questão de a reposição hormonal ser associada à manutenção da juventude, o maior benefício do tratamento tem sido associado à redução da osteoporose e, consequentemente, à diminuição do risco de fraturas ou lesões ósseas tão comuns (e por vezes fatais) em pessoas acima de 65 anos. 

Mesmo os médicos resistentes ao tratamento concordam que a substituição por hormônios em forma de medicamento pode ajudar a enfrentar os sintomas da fase pré-menopausa. 

Mas diante dos fatores de risco, para alguns especialistas não compensa o uso de hormônios na fase da menopausa e a mudança de hábitos e estilo de vida saudável podem ajudar tanto ou mais que os medicamentos. 

“Podemos obter sucesso na manutenção da massa óssea própria para a idade por meio de dieta balanceada – evitando alimentos gordurosos e condimentados em demasia, álcool, café e refrigerantes –, atividades físicas regulares (em qualquer idade) e sono de qualidade. O cigarro também deve ser evitado, pois aumenta o risco de fraturas ósseas”, afirma do médico Marino Pravatto Júnior.

Algumas terapias naturais como a ingestão de suplementos vitamínicos e de minerais, principalmente vitaminas do complexo B, vitamina C e suplemento de cálcio. Tratam-se de métodos sem contraindicação que podem entrar no lugar da reposição hormonal.

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