Mães que deixam de trabalhar para cuidar dos filhos
Abdicar do trabalho para se dedicar à maternidade não condena a mulher a abdicar da carreira
Entre os inúmeros desafios da maternidade. um deles em sido cada vez mais freqüente: mulheres que tomam a decisão de sair do mercado de trabalho para cuidar do filho, principalmente durante o primeiro ano de vida do bebê.
Mas mães que deixaram de trabalhar para cuidar dos filhos ainda temem sentirem-se frustradas, ou cobradas pela sociedade, quando tomam esta decisão. E o maior receio é não conseguirem um recolocação no mercado de trabalho.
Ainda é muito comum que as empresas, na sua maioria lideradas por homens, vejam com maus olhos uma mulher que ‘largou’ a carreira para dedicar-se aos filhos. Mas de acordo com especialistas, é um enorme erro achar que o fato da mulher se afastar do mercado de trabalho a faz menos capaz de se reinserir.
“Ao contrário, a experiência da maternidade vivida com tranquilidade permite que a mulher retome o trabalho com muito mais segurança e disponibilidade para dedicar-se aos novos desafios”, comenta a psicóloga e professora da Universidade de Petrópolis, Camila Aloísio Alves.
Sem medo de recomeçar a carreira
A rotina estressante do trabalho é apontada por muitas mães como inconciliável com a maternidade. Os horários apertados, uma licença maternidade extremamente reduzida e o fato de a gravidez chegar em uma fase da carreira de maior estabilidade levou a paulistana Shirlley Padia Lopes, 32 anos a optar por cuidar da filha.
Mãe de Naomi, de um ano e seis meses, pediu emissão dois dias após voltar de licença maternidade, quando a filha tinha quatro meses e meio “Ela não aceitou mamar meu leite em mamadeira e deixar de amamentá-la para mim estava fora de cogitação”, conta Shirley.
A mãe da pequena Naomi não teve medo de não conseguir o retorno ao mercado de trabalho. “Sequer pensava a respeito e isso se mostrou tranquilo, pois quando voltei a procurar trabalho consegui dentro de um mês. Mesmo com a atual conjuntura econômica”, conta Shirley.
Também foi o caso da carioca Cláudia Silas, funcionária pública. Mãe das meninas Eugênia e Isabela, hoje com 20 e 18 anos, parou de trabalhar quando ficou grávida da primeira filha. Quando a mais velha estava com 12 anos, Cláudia decidiu estudar para concurso público.
“Levei dois anos para me recolocar no mercado de trabalho. Minhas filhas já eram adolescentes e me deram muito incentivo”, conta a carioca.
E as finanças, como ficam?
Para tomar essa decisão, o ideal é economizar antes da gravidez, para poder arcar com o tempo que se vai ficar fora do mercado. O apoio do pai da criança é fundamental para a tomada desta decisão.
No caso de Shirley, fazendo-se as contas, chegou-se à conclusão de que não faria tanta diferença ela ficar em casa cuidando da criança. Do ponto de vista financeiro, não seria preciso pagar babá ou creche e isso compensaria.
Já para a funcionária pública carioca, a decisão foi amparada pelo marido, militar, que arcou com as despesas da casa até ela se recolocar. Foram tempos difíceis, mas compensados após a retomada de Claudia ao trabalho, hoje em uma carreira que ela até gosta mais.
Muitas destas mães podem aproveitar inclusive para refletir se gostariam de mudar de carreira. O tempo dedicado à maternidade traz muitas reflexões.
“A maternidade não ensina só a ser mãe, mas a uma série de habilidades, competências e atitudes inerentes ao novo universo que se vive, como gestão e organização de horários, ritmos e rotinas, dinâmica para lidar com novas e diferentes demandas. E jogo de cintura”, conclui a psicóloga Camila Aloísio Alves.
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