Complexo de Édipo: entenda essa fase pela qual passam todas crianças

Especialista explica como este conceito psicanalítico afeta as relações entre pais e filhos

Complexo de édipo: pais devem observar os filhos e a si próprios.


O Complexo de Édipo é um conceito psicanalítico, criado para explicar como são regidas as relações entre pais e filhos. As bases da formulação do Complexo de Édipo foram fundamentadas por Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise. Este conceito, muito utilizado na psicologia, explica a necessidade das crianças em se completarem nos afetos que encontram nos outros. Neste caso, os pais.
 
“O Complexo de Édipo seria a representação da expressão inconsciente dos afetos da criança (uma espécie de desejo primitivo) pelo genitor do sexo oposto, e um conflito (sentimentos ora de aversão, ora de ternura) para com o genitor do mesmo sexo”, explica o psicólogo André Luís Fabrício.
 
Também pode ocorrer com o genitor do mesmo sexo (o que se chamaria de Édipo Invertido). Em geral, a fase em que a criança desenvolve o Complexo de Édipo aparece entre os três e cinco anos. Depois, entra-se num período de latência e a fase tende a se resolver com a aproximação do final da adolescência.
 

Complexo de Édipo: como lidar na prática

Mas, na prática, como lidar, administrar e não deixar o Complexo de Édipo atrapalhar as relações familiares? Ao entender que isso faz parte da formação saudável do mundo interno da criança, os pais não devem se preocupar com as expressões afetivas dos pequenos. E nem 
entendê-las como algo a ser reprimido ou indevido na família.
 
“Mostrar à criança, durante sua criação, qual é seu papel na família, com seus limites claros e bem estabelecidos pelos pais, a ajuda a assegurar-lhe seus afetos com a família e de seu lugar ao mundo”, orienta o psicólogo.
 
Para André Fabrício, somente nos casos em que haja dificuldades para entender e impor estes papéis familiares de forma clara, e isso venha a gerar desequilíbrio na família, pode-se recomendar ajuda de psicoterapeuta.
 

Pais devem se observar

Em geral, o Complexo de Édipo acontece de filhos para seus genitores. “Todavia, existem casos onde o genitor identifica-se pela projeção dos afetos da criança em si, e passa a corresponder estes afetos”, acrescenta o especialista. Ou seja, pais que alimentam essa projeção em apenas um dos genitores.
 
Como a relação de pais e filhos é baseada em afetos muito intensos, incentivar o Complexo de Édipo pode se tornar algo irresistível. Mas isso não é saudável. De acordo com o especialista, quando esta preferência por um dos genitores é alimentada pelo pai ou mãe, é hora de prestar atenção se há algo errado na formação dos afetos dos próprios pais. 
 
Projetar nos filhos nossas frustrações e desejos é algo muito natural, mas que pode vir a ser bastante danoso para a criança”, alerta Fabrício.  Caso um pai ou mãe incentive essa projeção da criança em apenas um dos genitores, pode haver problemas de a criança desenvolver plenamente seus potenciais de identificação e afeto. 

Em outras palavras, é preciso incentivar a criança a equilibrar os afetos e não a canalizá-los apenas para um dos pais. E nem forçar a criança a mostrar os afetos para um deles quando se está na fase de negação.

“A criança deve lidar com as suas próprias dificuldades e não com as dificuldades dos pais. Isso já é tarefa dos adultos”, ressalta André. De acordo com o especialista, a educação dos filhos requer muito de autoconhecimento e autoestima, para não se escorregar nas armadilhas tão complexas da psiquê humana. Caso do Complexo de Édipo e sua atraente perspectiva de ser amado em demasia pelo filho.

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