Médicos esclarecem 10 dúvidas sobre o Zika vírus, microcefalia e gravidez

Especialistas explicam o que é a doença, as formas de contágio e como as grávidas podem se proteger 

Combatendo o foco do mosquito, as grávidas podem se proteger do Zika vírus.


O aumento de casos de microcefalia em bebês recém-nascidos deixou o país em alerta nos últimos meses. Especialmente as mulheres grávidas, que devem redobrar os cuidados durante este período, realizando todos os exames pré-natal e evitando o contágio por meio da picada do mosquito Aedes aegypti – responsável pela disseminação do Zika vírus. 

A Revista da Mulher conversou com o neuropediatra Paulo Breinis, o ginecologista e obstetra Dr. Javier Miguelez e a infectologista Raquel Muarrek, do Hospital São Luiz, para esclarecer as principais dúvidas das gestantes sobre a microcefalia e sua relação com o Zika vírus, além das precauções que as futuras mães precisam tomar para evitar a malformação nos bebês. Confira:

1 - Qual período da gestação é mais suscetível ao Zika vírus?
Ainda não existem estudos científicos que comprovem o período gestacional de maior incidência do Zika vírus. Por analogia a outros vírus e casos de infecções congênitas em geral, acredita-se que o primeiro trimestre é o que apresenta mais riscos ao bebê.

2 - Como a gestante pode se proteger do Zika vírus?
O primeiro passo é eliminar os possíveis focos do mosquito e evitar viajar para as áreas endêmicas neste momento. Recomenda-se o uso de repelentes (permitidos para grávidas) e priorizar o uso de calças e blusas de manga comprida para diminuir as áreas expostas do corpo. Instalação de telas protetoras em janelas e portas e mosquiteiros sobre a cama também são alternativas para se proteger do mosquito.
 
3- Qual é o repelente mais indicado para a gestante?
Atualmente o repelente mais utilizado é a base de icaridina (Exposis) devido ao maior intervalo de aplicação, que é de 10 horas. Os demais repelentes apresentam um intervalo de aplicação menor. Dependendo do produto escolhido é importante repassá-lo a cada 6 horas ou a cada 2 horas.

4 - De que forma a microcefalia é diagnosticada no ultrassom?
A microcefalia é uma má formação cerebral que faz com bebês nasçam com a circunferência cerebral menor do que o esperado, geralmente inferior a 33 cm. O ultrassom permite identificar esta medida e se está ou não de acordo com o período gestacional. 

 5 - O exame de ultrassom traz algum risco para o bebê?
O ultrassom não é prejudicial para a saúde da mãe e do bebê, mesmo que realizado várias vezes.

6 - É necessário repetir ultrassons de rotina? 
A microcefalia pode ser diagnosticada durante a gestação pelo ultrassom de rotina, por isso algumas grávidas estão repetindo o exame. No entanto, gestantes que não moram nas regiões endêmicas (áreas com alto índice de pessoas infectadas pelo Zika vírus e microcefalia), como, por exemplo, no Nordeste, não precisam repetir o exame sem necessidade. 

7 - A mulher contaminada pelo Zika vírus tem algum sintoma?
Na maioria das vezes a infecção por Zika é assintomática. Somente 18% das pessoas infectadas apresentam sintomas, que são: febre baixa, manchas vermelhas na pele, vermelhidão nos olhos, conjuntivite e dor de cabeça.

8 - Qual é a diferença entre o Zika vírus e a dengue?
O Zika vírus não costuma afetar as plaquetas sanguíneas, quadro comum em casos de dengue. Outra diferença é o risco de hemorragia - sinal preocupante em pacientes diagnosticados com dengue.
 
9 - Como é feito o diagnóstico da microcefalia?
O diagnóstico é feito através de uma consulta médica, exames complementares e por neuroimagem, através do ultrassom morfológico ou ressonância magnética fetal, por exemplo. O diagnóstico é feito medindo o perímetro cefálico do bebê.

10 - Qual o tratamento para esta malformação em bebês?
Essa doença costuma não ter tratamento com remédios. É simplesmente uma constatação de que alguma coisa patológica ocorreu no cérebro do bebê. A doença de base (o que causou a microcefalia) deve ser sempre procurada e diagnostica.

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