Pedofilia: deve-se conversar ou não com as crianças sobre o tema?

Um dos mais temidos crimes contra a infância, a pedofilia pode ser evitada prestando atenção aos sinais de comportamento das crianças

Pedofilia: pais devem observar crianças e não conversar com elas sobre o tema.


Há cerca de um mês, o assédio nas redes sociais em torno da menina Valentina, uma participante de 12 anos do reality show MasterChef Junior, da TV Band, levantou algumas questões sobre a pedofilia e como os pais e responsáveis devem lidar com este assunto e proteger as crianças do risco de sofrerem abusos.
 
A primeira grande dúvida é sobre se deve ou não tratar a pedofilia preventivamente abordando o assunto antes de qualquer risco iminente. Especialistas afirmam que não se deve tocar no assunto ‘do nada’ e nem tratar o tema diretamente com as crianças, se elas não foram ainda vítimas. 
 
Antecipar um possível risco de abuso pode acabar causando medos desnecessários e promover a tristeza ou depressão infantil. Porém, para Maria Corrêa, psicanalista especialista em tratamento de famílias e crianças, é conveniente dizer às crianças que seus órgãos sexuais não devem ser tocados por mais ninguém, exceto por elas mesmas. E que qualquer tentativa por parte de pessoas mais velhas deve ser imediatamente relatada aos adultos nos quais as crianças confiam.
 

Vítimas de pedofilia mudam de comportamento

“Mas abordar didaticamente o tema, como que para ensinar que o perigo existe, não é a melhor solução”, afirma a psicanalista. Para a Corrêa, um episódio como o da menina Valentina, a participante do MasterChef Mirim assediada pelo twitter, é relativamente mais simples de lidar. O grande problema é quando casos de pedofilia acontecem dentro de casa ou do ambiente em que a criança deveria se sentir protegida.
 
“Para prevenir as crianças de serem violentadas é preciso estar de olho. É praticamente impossível não haver uma mudança de comportamento de uma crianças em relação ao adulto que a assediou”, explica Maria Corrêa, chamando a responsabilidade para os pais e educadores.
 

É preciso denunciar a pedofilia

A partir do momento em que houve o assédio, aí sim, é preciso lidar com o fato. Denunciar quem cometeu o crime é o primeiro passo, independente de quem seja. “É duro o que vou dizer mas muitas famílias fecham os olhos para a pedofilia, ou não denunciam os agressores, justamente porque são pessoas próximas”, alerta Maria.
 
Paralelo à denúncia de quem cometeu a pedofilia, o foco precisa ser no tratamento da criança. Afastá-la do agressor e encaminhá-la a um apoio psicológico e médico são etapas que devem ser cumpridas pelos pais ou responsáveis. 

Traumas podem ser superados, se forem cuidados por profissionais especializados. “E não somente as crianças, mas também os adultos devem ser tratados para não sucumbirem à culpa”, conclui a psicanalista.
 
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