Pílula do dia seguinte: acabe com todas as suas dúvidas
Saiba tudo sobre a pílula do dia seguinte: entenda qual é a sua função, como usar e conheça os erros mais comuns que podem colocar em risco a sua saúde
A pílula do dia seguinte é considerada por muitas pessoas como a maneira mais prática e rápida de evitar uma gravidez não planejada, principalmente por apresentar um alto índice de eficácia. Trata-se de um método contraceptivo de emergência, mas que nem sempre é utilizado da maneira correta, o que segundo especialistas pode colocar em risco a saúde da mulher.
Em 2013, o Ministério da Saúde liberou a venda da pílula do dia seguinte nas farmácias e a distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS) sem a necessidade de receita médica. Cartilhas foram distribuídas contendo orientações sobre a maneira correta de utilizar o medicamento para profissionais da saúde, para que pudessem evitar o uso indiscriminado.
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) apoiou a decisão, afirmando que “quanto mais precoce for o uso do medicamento depois do ato sexual, maior será sua eficácia”. Mesmo concordando com a decisão, a instituição alerta que o contraceptivo é uma opção apenas de emergência. “Como a dose é alta, não deve ser considerada como substituta da pílula convencional”.
Pílula do dia seguinte
Atualmente, existem dois tipos de pílula do dia seguinte, que se diferem apenas pela dosagem: uma cartela contém apenas um comprimido, de 1,5mg de levonorgestrel, considerada suficiente para evitar a gravidez, e outra com dois comprimidos, cada um com 0,75mg da mesma substância.
O que precisa ser explicado é que se trata de uma dosagem muito maior do que a da pílula comum, de uso diário, por isso a indicação para não tomar seguidamente. Outro fator que deve ser ressaltado é que, ainda que a pílula seja tomada corretamente, há um risco mínimo de gravidez.
De acordo com especialistas, a maneira correta de tomar a pílula do dia seguinte é máximo até 72 horas após a relação sexual sem proteção. Vale lembrar que quanto antes o medicamento for ingerido, melhor. Estudos comprovaram que quando ingerido no máximo 12 horas depois do ‘incidente’, a taxa de eficácia da pílula chega a 95%. O índice vai diminuindo conforme as horas vão passando.
Qual o risco de engravidar?
Mesmo que seja ingerida com menos de 12 horas após a relação sexual, há pelo menos 5% de chances de gravidez. A ação do levonorgestrel, que é um tipo de progesterona, é no sentido de inibir ou retardar a ovulação da mulher. Assim, ele dificulta a passagem do óvulo ou do espermatozoide, alterando também o endométrio, o que bloqueia a implantação do óvulo.
Caso a pílula do dia seguinte seja ingerida após o início da formação do feto, torna-se grande o risco de hemorragias, má formação no feto e até mesmo aborto, além dos sérios riscos para a saúde e a vida da mulher. Por isso é de extrema importância que este método seja utilizado apenas em caso de urgência e sempre da maneira correta.
Efeitos colaterais da pílula do dia seguinte
Ainda que a pílula seja utilizada da maneira correta, ela pode causar diversos efeitos colaterais. Entre os mais comuns estão as dores de cabeça e no corpo, náuseas, diarreia e vômito. Por se tratar de uma dosagem muito elevada de hormônio, o medicamento altera o fluxo normal da mulher, desregulando a menstruação e podendo gerar atrasos e sangramentos.
O ganho de peso pode também ser um efeito colateral, mas ele depende muito do tipo físico e do organismo de cada mulher. Isso acontece pela alta dosagem de hormônios, mas somente uma avaliação feita por especialista poderá indicar se a pílula foi a responsável por isso.
Contraindicação
A avaliação de um médico especialista é a única maneira de fazer uso da pílula do dia seguinte com total segurança, mas alguns casos já são comprovadamente de risco. Mulheres com hipertensão, problemas vasculares, doenças do sangue e obesidade mórbida devem evitar, pois além de ter menor chance de eficácia, a pílula pode gerar efeitos colaterais mais sérios.
Em relação à idade não há restrição, podendo ser tomada a partir do momento em que a mulher passa a ter uma vida sexual ativa até o final de sua vida fértil.
É importante ressaltar que o uso de tabaco e bebidas alcoólicas pode ser prejudicial, uma vez que estes produtos possuem substâncias que potencializam os níveis do hormônio estrogênio no organismo. Assim, não é aconselhado que estes sejam ingeridos junto com a pílula do dia seguinte nem com qualquer outro tipo medicamento.
Pode causar infertilidade?
Sim, uma vez que se trata de um medicamento que provoca uma alta descarga hormonal de uma só vez, mas tudo vai depender de como o organismo da mulher vai reagir. A pílula do dia seguinte pode prejudicar o funcionamento normal do aparelho reprodutor feminino e dificultar futuras gestações, além de aumentar os riscos de gravidez ectópica (nas trompas) no futuro.
Estes são os principais motivos para os alertas dos médicos para a utilização responsável e moderada da pílula do dia seguinte. Outro fator que precisa ser destacado é o fato de que o uso abusivo do medicamento pode aumentar o risco de gravidez, uma vez que ele pode quebrar o ritmo hormonal da mulher.
Principais erros ao tomar a pílula do dia seguinte
Ingerir antes da relação sexual - A pílula do dia seguinte deve ser usada somente em casos de emergência, como relação sem proteção, camisinha furada, estupro, etc. Especialistas afirmam que usá-la com o intuito de prevenir não é seguro, já que o medicamento age por um período menor do que a de o anticoncepcional normal.
Uso contínuo – Além dos efeitos colaterais já citados, a ingestão frequente da pílula do dia seguinte (uma vez por mês já é considerado excessivo) pode levar à queda na eficácia do medicamento – aumentando o risco de gravidez – e, principalmente, uma desregulação séria no ciclo menstrual, prejudicando o funcionamento do aparelho reprodutor feminino.
Usar junto com outro método anticoncepcional – Isso não o torna mais eficaz, a menos que se trate do uso da camisinha. Se a mulher já usa algum anticoncepcional não precisa ‘reforçar’ com a pílula do dia seguinte.
Tomar com álcool ou tabaco – Por se tratarem de produtos que contém substâncias que potencializam os níveis do hormônio estrogênio no organismo, o uso juntamente com a pílula – que é um vasoconstritor (que contrai os vasos sanguíneos) assim como a nicotina – aumenta o risco de AVC e de trombose. Isso sem contar com os efeitos colaterais.
Esperar até o dia seguinte – Como já foi dito anteriormente, apesar de ter este nome, a pílula do dia seguinte precisa ser tomada no menor prazo após a relação sexual sem proteção. Quando ingerida até 12 horas antes, as chances de evitar a gravidez podem chegar a 95%.
É importante lembrar que se a mulher já está tomando um anticoncepcional regular e decidiu tomar a pílula do dia seguinte apenas por ter interrompido o método (seja qual for o motivo), ela deve esperar que sua menstruação chegue para depois voltar a tomar o contraceptivo normalmente.
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