Jovens: 60% das mulheres ainda têm vergonha de falar sobre sexo e contracepção

A UNIFESP entrevistou 2 mil mulheres para conversar sobre vida sexual. A iniciativa faz parte da campanha para o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez Não Planejada

O assunto sexo ainda é tabu para a maioria das mulheres.


Ainda que haja uma grande quantidade de informações disponíveis sobre o tema gravidez e contracepção, cerca de 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos dão à luz todos os anos no mundo todo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para tentar compreender as causas para o alto número de gravidezes não planejadas, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), em parceria com a Bayer, entrevistou 2 mil mulheres acima dos 14 anos de idade, de quatro capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador).  

Apesar de 92% das entrevistadas afirmarem usar algum método contraceptivo, 60% delas ainda têm vergonha de falar sobre sexo e contracepção. “Quando se trata de adolescentes, a gravidez não planejada pode não só representar um susto mas um sério risco à saúde, sendo um dos principais contribuintes para a mortalidade materna. É fundamental que as jovens se previnam e busquem orientação correta, sempre com o acompanhamento de um especialista”, diz o professor Afonso Nazário, do Departamento de Ginecologia da EPM-Unifesp. Conscientizar ainda é a melhor forma de prevenir.

As principais causas de uma gravidez não planejada foram relacionadas à falta do uso de métodos contraceptivos seguros, problemas de adesão ao método, mau uso do método escolhido ou a acomodação do casal em relação aos cuidados preventivos. De acordo com a pesquisa, 81% das mulheres conhecem alguém que engravidou antes dos 16 anos. Mais: entre os métodos contraceptivos utilizados pelas mulheres estão a camisinha (35%), a pílula anticoncepcional (34%) e os contraceptivos de longa duração como DIU e implante (13%). Os números indicam ainda que 77% das mulheres têm o hábito de ir ao ginecologista.


A pesquisa também levantou que apenas 31% das entrevistadas afirmaram já ter tido uma conversa positiva sobre sexualidade com os pais ou responsáveis. “A gravidez em jovens é o reflexo da falta de acesso à informação. Nessa fase, é necessário que tanto os responsáveis como as escolas estimulem a ida ao ginecologista e conversem com os adolescentes sobre os riscos da falta de cuidado com a vida sexual, que podem comprometer uma ou mais vidas”, completa Nazário.

Saiba mais

A campanha para o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez Não Planejada é uma iniciativa de ONGs e sociedades internacionais, e acontecerá pelo nono ano consecutivo em mais de 70 países da Europa, Ásia e América Latina. No Brasil, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) é parceira do projeto. No site Viva Sua Vida é possível encontrar diversas informações sobre sexo seguro, gravidez e contracepção, entre outros temas. 

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