Mulheres podem ter aumento da libido durante a gravidez

No período de gestação, é normal a mulher sentir mais desejo. Entenda as causas orgânicas e os mitos sobre o sexo durante a gravidez

Sexo durante a gravidez: fatores hormonais podem estimular a libido da mulher.


Fase de mudanças corporais e alterações hormonais na mulher, a gravidez ainda carrega uma série de mitos e dúvidas relacionados às relações sexuais durante este período. Diferente do que muitos pensam, é normal que a mulher sinta mais desejo sexual na gestação e o sexo entre o casal em nada prejudica o bebê.

"A libido é difícil de ser medida e avaliada por ser subjetiva e variável. O que se percebe na maioria das grávidas é um aumento da libido, já que os hormônios estão elevados", esclarece Simone Nogueiramédica especialista em reprodução humana pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

Mesmo com a excitação à flor da pele, muitas grávidas acabam se privando das relações sexuais com o parceiro por receio de causar algum mal ao feto. Pois de acordo com especialistas, se for uma gravidez normal, sem complicações ou riscos, o sexo é liberado e até recomendado
  

Fatores culturais inibem o desejo

Apesar do esclarecimento médico, esse desejo feminino pode esbarrar em alguns tabus da sociedade, muitos deles ligados a questões culturais, que associam a gestação da mulher a uma espécie de “santificação” da figura da grávida.


“O mito da purificação, herdado da cultura judaico-cristã, na qual a Virgem Maria engravidou sem a consumação do ato sexual, ainda é muito forte em nossa cultura. Ao mesmo tempo, essa purificação e endeusamento feminino mexem com o imaginário masculino e desperta o instinto protetor e reprodutor masculino. Não por acaso, existem homens que sentem maior desejo por mulheres grávidas”, explica a psicóloga Isabela Lachtermacher, mestre em história do erotismo.
 
Neste contexto, o maior conflito entre um casal durante a gravidez é a divergência entre os desejos. Quando uma mulher tem libido e seu parceiro a rejeita, ou ao contrário, a relação do casal corre o risco de cair em crise, muitas vezes com sequelas emocionais muito mais nocivas ao bebê.
 

Medo de prejudicar o feto

Especialistas em reprodução identificam ainda uma tendência a deixar de lado o sexo durante a gravidez em um grupo específico de casais. Tratam-se daqueles que tiveram dificuldades para engravidar ou que se submeteram a algum tipo de tratamento. Quando atingem o sucesso da fertilização in vitro, esses casais têm medo da perda da gestação tão valorizada. 


"Neste grupo, percebemos um elevado índice de abstinência sexual nos primeiros três meses de gestação. Mesmo sendo orientados pelo médico que não há restrição, se não existe sangramento (ameaça de aborto espontâneo), tanto homens como mulheres reprimem o desejo por receio", explica Simone Nogueira.
 
Mas mesmo os casais receosos podem deixar o desejo aflorar. Outros estímulos sem penetração, como a masturbação ou o sexo oral, podem satisfazer os casais que têm medo de ter relações sexuais durante a gravidez.
 

Importância do sexo na gravidez

Por ser um período de muitas mudanças e expectativas, a gravidez gera muita tensão e ansiedade no casal. O sexo surge como válvula de escape que pode aproximar e relaxar os futuros pais, evitando ainda o stress da abstinência sexual para ambos.

 
Muitas pesquisas já mostraram que as relações sexuais são positivas na gravidez, tanto fisicamente quanto emocionalmente, já que ajuda a manter um vínculo afetivo entre o casal. Conversar abertamente com médicos e psicólogos também é uma forma de acabar com a insegurança e tornar o período de gravidez ainda mais prazeroso.
 
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