Síndrome de burnout: como se proteger?

Cansaço, depressão e perda de auto-estima são os sintomas mais frequentes do esgotamento profissional, chamado também de burnout. Como reagir antes que seja tarde demais?

As mulheres são mais susceptíveis que os homens a desenvolver a síndrome do esgotamento profissional.


Burnout significa, literalmente, “queimar até não restar mais nada”. Uma expressão que descreve bem aquilo que queima toda a energia a serviço do trabalho, a ponto de não sobrar mais nenhuma reserva e de provocar um sentimento de fracasso e de esgotamento. 

Sabe-se, atualmente, que o burnout pode acometer todas as profissões. E quanto mais as condições de trabalho tornam-se difíceis, mais o problema se agrava. Profissionais da área de saúde e educação, entretanto, são particularmente os mais afetados. Em relação ao sexo, as mulheres são mais susceptíveis a desenvolver a síndrome de esgotamento profissional. E não é de se espantar: cada vez mais envolvidas profissionalmente, e sem dividir a carga da responsabilidade familiar, elas devem gerenciar a vida profissional e ao mesmo tempo cuidar da casa e dos filhos.

Mas afinal o que é o burnout?
Trata-se de um distúrbio psíquico descrito em 1976 pelo psiquiatra novaiorquino Feudenberger. O estresse causado pela sobrecarga de trabalho provoca inúmeras reações químicas que, normalmente, têm como objetivo dar um sinal de alerta para que o corpo acione a energia necessária para encontrar uma saída, fugir. Como um animal que, estressado por uma agressão exterior, deve bater em retirada o mais rápido possível. Isso é o efeito do aumento de adrenalina no corpo.

O problema é que o estresse causado pelo trabalho é raramente evacuado por uma atividade física. Geralmente, a situação piora lentamente e, muitas vezes, sem que a vítima se dê conta. Até o ponto em que não é mais possível suportar o cansaço constante e intenso, a falta de motivação para ir ao trabalho e o estresse e irritabilidade onipresentes. 

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Sintomas do burnout 

Perda de motivação, pessimismo e frustração são alguns dos sintomas do burnout.


Os efeitos são, em primeiro lugar, claramente visíveis no local de trabalho: as pessoas não só perdem a motivação, interesse e otimismo, mas também a auto-estima e eficácia. Resultado: elas não conseguem mais lidar com a carga de trabalho e, frustadas, sentem que perdem o controle da situação. A perda do senso de humor e o pessimismo também são alguns dos sintomas. 

Enquanto há o interesse pela vida privada, pelos amigos e pela família, a síndrome do esgotamento profissional ainda não chegou ao seu ápice. Mas, na etapa seguinte, o problema se estende aos assuntos pessoais. As pessoas se fecham totalmente: rompem relações, param suas atividades... Não se faz mais nada, além de dormir. A vida privada não existe mais. Nesse momento, é preciso reagir!

Quando o corpo desmorona... 
Está provado: um estresse crônico pode levar a problemas hormonais e sexuais, a uma fadiga crônica e até à depressão, além de doenças dermatológicas (vermelhidões, suores, etc), digestivas, otorrinolaringológicas (zumbidos, dores de ouvido, vertigens, etc.) e reumatológicas (dores nas costas, fibromialgia, etc). O burnout pode até mesmo aumentar o risco de patologias cardiovasculares, como o infarto e também câncer, em razão de uma diminuição das defesas imunológicas. No pior dos casos, sentimentos suicidas podem aparecer. 

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Prevenir o burnout com meditação

A meditação mindfullness: uma solução para combater o estresse. 


meditação mindfullness pode ajudar a lidar com o estresse e a ser menos receptivo a ele. Independente de qualquer religião, este método tem por objetivo ajudar as pessoas a se centrar em si mesmas e no momento presente, desligando o "modo piloto automático”, que é o automatismo dos atos cotidianos. 

As novas tecnologias também contribuem para esse esgotamento. Hoje, as pessoas estão sobrecarregadas e são solicitadas de todos os lados pela vida moderna, na qual os telefonemas se sucedem aos emails, SMS e tweets. Resultado: esgotamento e impossibilidade de se concentrar. Além disso, o passado pode se tornar uma fonte de angústias, assim como o futuro, uma vez que fazer planos se torna algo aflitivo. Os questionamentos se multiplicam: fracassos, projetos, atos que causam arrependimentos por terem, ou não, sido realizados. Muitos são os que se afundam em reflexões dolorosas.

A meditação aqui é benéfica na medida em que auxilia a esvaziar a mente das tensões e a focar a atenção nas pequenas coisas e no momento presente. Como na beleza da natureza, por exemplo. No Japão, um estudo provou que o fato de se estar em um meio-ambiente com mais verde ajuda a lidar melhor com o estresse, além de diminuir os seus sintomas, bem como os das doenças cardiovasculares. Da mesma forma, um estudo feito em um asilo mostrou que quando os pacientes cuidam de uma planta, eles vivem melhor e são mais felizes do que quando uma outra pessoa cuida da planta em seu lugar.

Meditar sim, mas como? 
Na prática, de 5 a 10 minutos por dia já são suficientes. Deve-se esquecer todas as solicitações exteriores, dos emails aos SMS. Deve-se esquecer também dos pensamentos parasitas, das obrigações. O objetivo: centrar-se em si e concentrar-se na sua respiração. É só respirar profundamente: inspirar e depois esvaziar os pulmões lentamente, escutando o barulho da própria respiração. 

Não é sempre fácil achar tempo para isso, mas é preciso tentar pelo menos uma ou duas vezes, e quanto mais se faz, mais será simples meditar. Além disso, não é necessário estar em um local calmo para meditar: pode-se fazer no trabalho, no carro durante um engarrafamento, no transporte público, na fila do supermercado, etc. A meditação praticada regularmente não toma mais que alguns minutos do dia, tornando-se rapidamente uma rotina. E ela traz inúmeros benefícios: restruturação do corpo e espírito, melhor compreensão de si mesmo e da força interior e aceitação dos próprios limites.

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A psicologia positiva contra o burnout

Prevenir o burnout é também pensar positivo.


Face à uma sobrecarga de trabalho cada vez maior e às agressões das mais diversas pelas quais se passa ao longo de um dia, existem modos de se proteger que são simples de se colocar em prática. É possível também aplicar os princípios da psicologia positiva, prática similar ao método Coué

Nela, um dos exercícios mais recomendados consiste em se lembrar, antes de se deitar, de três bons momentos do dia. E é para se lembrar dos detalhes, de encontrar novamente as emoções experimentadas e de saboreá-las novamente. Um elogio, um sorriso, algo que você comeu, uma piada... Pouco importa. Assim, cria-se um ambiente para uma boa noite de sono. A ideia é de adormecer lembrando-se dos momentos que alegraram seu dia. 

Ria e cante! 
Especialistas também apontam para as virtudes do otimismo. Quando se está mau consigo mesmo, o fato de sorrir influencia imediatamente sobre o moral. O sorriso acalma, permite saborear melhor as belas coisas da vida e leva a uma melhora do humor, tornando tudo mais agradável, mais positivo, sem contar que ele contagia o ambiente. Escutar músicas alegres também ajuda a melhorar o humor.

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Uma nova vida

Mexa-se, pratique esporte, aproveite seus momentos de lazer e curta a natureza.


Está provado: nosso modo de vida, em particular nossa alimentação e nosso sono, influenciam diretamente sobre o estresse. Veja aqui alguns conselhos para evitar esse mal:

Tenha uma alimentação saudável
Como? Evitando particularmente alimentos muito doces ou muito salgados. O tabaco e o café também devem ser evitados. Por outro lado, opte por alimentos que tragam elementos positivos para o corpo: proteínas, vitaminas, oligo-elementos. Privilegie ainda o peru, o frango e o peixe rico em ômega 3 ou ainda as frutas, indispensáveis para o aporte de antioxidantes.

Mexa-se mais
Uma caminhada de 15 à 35 minutos por dia é ideal. Além de ser boa para o corpo, permite que você esvazie a mente. Tente também as ginásticas energéticas, como a ioga.

Durma melhor
Em uma situação de estresse ou de sinais que possam indicar o burnout, é indispensável dormir e diminuir o ritmo, sem esperar que o organismo exija repouso. Elimine ruídos, mantenha o quarto arejado e tenha pequenos rituais na hora de deitar. Beba um chá de camomila, ouça uma música calma, etc. Enfim, o período que precede o sono deve ser o mais calmo possível.

Tenha tempo para si
Tudo aquilo que permite que você desacelere e tenha um tempo para se dedicar a si mesmo é valido, seja relaxar e refletir, ter um hobby, seja fazer compras, ir ao cinema ou ouvir uma música. Escrever um diário também é benéfico para sintetizar e exteriorizar os pensamentos negativos.

Tenha boas companhias
É preciso se afastar das pessoas prejudiciais e nocivas, aquelas que podem trazer preocupações. Cerque-se de pessoas com as quais você pode contar e em quem você pode confiar.

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